sábado, fevereiro 11, 2017

Jesus, o “unigênito Filho de Deus” – Gerado ou Eterno?


A palavra “unigénito” (monogenês), quando aplicada a Cristo, destaca Sua singularidade – Ele é o único através do qual podemos obter vida eterna.


As Escrituras falam de Jesus como sendo eterno (Jo 1:1; Hb 1:8,10-12, etc). No entanto, deparamo-nos com passagens onde Jesus é chamado de “unigênito” (por exemplo, Jo 3:16), palavra que vem do latim ”unigenitus” cujo significado é “único gerado por seus pais, filho único”.1 Mas, se Jesus é eterno, como pode ter sido “gerado”?
As línguas bíblicas são de muito auxílio para uma boa interpretação dos textos bíblicos. Nesse sentido, um estudo do significado da palavra grega monogenês nos ajuda a compreender melhor a Pessoa do Filho em Sua relação com o Pai e a humanidade.

A palavra grega monogenês é composta de duas outras: monos, que significa “único” “só” “sozinho” “sem igual”2 e genos, cujo significado é “espécie” “gênero” “classe”3 Sua melhor tradução seria, então, “único” “único de sua espécie” “único de seu gênero”4.

A palavra monogenês tem sua correspondente na palavra hebraica yachíd , cuja tradução é “único” “precioso” como era o caso de Isaque (Gn22:2,12,16). Ele era “único”, no sentido de ser o único filho da promessa, e não no sentido de ser o único filho gerado por Abraão.5 Talvez a melhor tradução da palavra [monogenês] seja ”único” no sentido de “sem igual”.6

“Monogenês, único! é achado como título cristológico somente em João. Monogenês se emprega para destacar Jesus de modo sem igual, acima de todos os seres terrestres e celestiais.”7 Jerônimo empregou “unigenitus” na Vulgata, para combater a alegação ariana de que Jesus teria sido feito pelo Pai. Ao dizer que Jesus era “unigenitus” (“único gerado”), queria dizer que o Filho procede do Pai e que tem a mesma natureza divina do Pai, mas não foi feito 8, como é o caso das demais criaturas. “Jesus como monogenês é Aquele que pode dizer ‘Eu e o Pai somos um’” (Jo 10:30).9

Monogenês – [...] se traduz corretamente como “único” “único de seu gênero” [...] Monogenês se refere à posição (único em seu gênero). [...] Assim também com respeito aos cinco textos de João que se referem a Cristo, a tradução deveria ser uma das seguintes: “único” “precioso” “exclusivo” “incomparável” “o único de sua classe”; porém não “unigénito” que se originou com os primeiros pais da Igreja Católica e entrou nas primeiras traduções da Bíblia devido à influência da Vulgata Latina, texto oficial da Bíblia para a Igreja Católica. Refletindo com exatidão o grego, vários manuscritos redigidos em latim antigo, anteriores à Vulgata, dizem ”único” e não “unigénito”10

O vocábulo monogenês aparece nove vezes em o Novo Testamento11, três vezes no Evangelho de Lucas, cinco no Evangelho de João e uma vez no livro de Hebreus.

No Pvangelho de Lucas, monogenês não tem conotação teológica ou cristológica, mas se refere a filhos únicos de seus pais: o filho único de uma viúva de Naim (Lc 7:12), a filha única de Jairo (8:42), e o filho único de certo homem que rogou a Jesus que expulsasse o demônio de seu filho (9:38).

Já em Hebreus (11:17) o vocábulo monogenês é empregado para se referir a Isaque – filho único de Abraão e Sara (pois esse patriarca tinha outros filhos: Ismael, de sua escrava Hagar, cf. Gn 16:15; mais seis filhos, de sua esposa Quetura, cf. Gn 25:1, 2; além de outros filhos, de várias concubinas, cf. Gn 25:6). Pode-se também aplicar o termo monogenês a Isaque no sentido de que ele era o único filho da promessa.12

João é o único que aplica o termo monogenês como título cristológico, e o faz em todas as cinco vezes onde 0 termo aparece em seus escritos (4 vezes em seu Pvangelho e 1 vez em 1 Jo 4:9). João faz uso desse vocábulo para enfatizar a natureza ímpar, sem igual, de Jesus Cristo. Analisemos, mais detidamente, as passagens joaninas onde ele emprega o vocábulo monogenês:

João 1:14: “E o Verbo Se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a Sua glória, glória como do unigénito do Pai.” Nesse texto, aparecem dois títulos dados ao Filho: Ele é o Verbo [lógos] ou a Palavra divina, o Criador, Aquele que ”estava com Deus” quando tudo foi criado, e “era Deus” (Jo 1:1-3). Além de Criador, Ele é também o Filho único de Deus, único de Sua espécie, pois é Deus pleno e homem pleno. Ele é o homem lesus Cristo, mas também é “Emanuel” – “Deus conosco” (Mt 1:23). “Quando João fala do Filho de Deus, ele tem primeiramente a idéia de que o homem Jesus Cristo não é exclusivamente homem, mas também o exaltado e pré-existente Senhor.”13 Assim, tendo em vista a argumentação no início deste artigo quanto ao significado de monogenês, poderia se traduzir esse termo como ”único”: “E vimos a Sua glória, glória como do [Filho] único do Pai.”

João 1:18: “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem O revelou.” A expressão “Deus unigênito” (seria mais bem traduzida para “Deus único”) aparece em alguns manuscritos.14 Outros, no entanto, em vez de ”Deus único” trazem “o Filho único”15 Aqueles manuscritos que trazem ”Deus único” contribuem com uma afirmação adicional quanto à divindade do Verbo.16 Os que apresentam a expressão “o Filho único” destacam o relacionamento de Jesus com o Pai. ”Como Filho único Jesus está em íntima comunhão com Deus. Não há outro com o qual Deus possa ter semelhante relacionamento. Ele compartilha cada coisa com Seu Filho. Por essa razão, Jesus pode revelar Deus, não por ouvir dizer, mas por causa de Sua incomparável proximidade de relacionamento com Ele [o Pai] .”17

João 3:16: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo o que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” Essa passagem pode ser considerada o resumo do Evangelho, e até da Bíblia. Como vimos, “unigênito” deveria ter sido traduzido por ”único” O emprego de monogenês, neste verso, segue a idéia joanina de enfatizar a forma particular de comunhão que o Filho tem com o Pai, como nenhum outro ser o tem. Cristo não é Filho de Deus por Seu nascimento natural (Encarnação), pois Seu relacionamento com o Pai antecede a esse acontecimento. Tal relacionamento é eterno. Assim, o fato de Deus dar Seu único Filho realça a profundidade de Seu amor pela humanidade.18 Ele deu o que de mais precioso poderia ser dado.

João 3:18: “Quem nEle crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigénito Filho de Deus.” Mais uma passagem de João, onde ele enfatiza a natureza ímpar de Jesus como o Filho de Deus.19 Só pode haver salvação se houver a aceitação do Filho único de Deus, “o qual, devido à Sua natureza sem par, é o único salvador dos homens.”20 Essa passagem de João ecoa as palavras de Pedro: “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do Céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (At 4:12).

1 João 4:9: “Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o Seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dEle.” Mais uma vez o vocábulo monogenês é empregado por João para destacar a natureza sem igual de Jesus Cristo, sem qualquer ênfase na idéia de geração. “Ele é o único Salvador e Mediador. O Filho de Deus é declarado unigênito, ‘termo que fala sobre ’relacionamento’ e não sobre origem.. Tal relacionamento é eterno.”21

Em conclusão ao estudo da palavra monogenês no Novo Testamento, pode-se ver que, nas passagens referentes a Cristo, ela é empregada pelo apóstolo João para destacar Sua singularidade, Jesus é o Único que é Deus pleno e homem pleno, o Único através do qual podemos obter vida eterna, o Único que tem poder absoluto sobre a morte, pois a venceu, ao ressurgir dos mortos pela vida que havia em Si mesmo (Jo 10:17 e 18; 11:25).

Referências:

1. Novo Dicionário Aurélio da Língua Poituguesa, p. 2020.
2. BARTELS, K. H, in: COENEN, L. & BROWN, C. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, v. 2. São Paulo: Vida Nova, 2000, p. 2564.
3. NICHOL, F. D, ed. Comentário Bíblico Adventista del Séptimo Dia, v. 5. Boise: Publicaciones lnteramerianas, 1987, p. 880.
4. Angel Manuel Rodriguez chama a atenção para o fato de genos estar relacionado ao verbo ginomai (nascer, ser feito, tornar-se), e assim o vocábulo monogenès poderia também significar “único gerado”. Contudo, afirma ainda Rodriguez, que “há evidência lingüística indicando que no tempo do Novo testamento a idéia de derivação ou nascimento estava separada do substantivo verbal genos”. Assim, seria melhor não dar demasiada ênfase na etimologia de monogenês, mas na maneira como os autores o empregam. (R0DRÍGUEZ, M. A. “Christ as Monogenês: Proper Translation and Theological Significance”, Reflections – A BRI Newsletter, January, 2007, p. 6).
5. WRIGHT, J, in: COENEN, L. & BROWN, Dicionário lntemacional de Teologia do Movo Testamento, v. 2, op. cit, p. 565.
6. Ibid.
7. BARTELS, K, in: Ibid, p. 25 65.
8. Quisesse um escritor bíblico dizer que Jesus foi “gerado” no sentido de”ter sido feito” ou “concebido”pelo Pai teria empregado monogênnetos e não monogenês (cf. MOULTON e MILLIGAN, citado por APOLINÁRIO, P. As Testemunhas de Jeová e sua Interpretação da Bíblia,4. ed. São Paulo: Instituto Adventista de Ensino, 1986, p. 147).
9. Ibid, p. 2566.
10. NICH0L, F.D., ed. Comentário Bíblico Adventista del Séptimo Dia,v.5. Boise: Publicaciones Interamericanas, 1987, p. 880.
11. As citações são da Versão Almeida Revista e Atualizada no Brasil, edição de 1993.
12. WRIGHT, J., in: COENEN, L & BR0WN, Dicionário Internacional  do Novo Testamento, v. 2, op. cit, p. 565.
13. KITTEL, G., Theological Dictionary of the New Testament, v. 4. Grand Rapids: Eerdmans Printing Company, 2006, p. 741.
14.
15.
16. WRIGHT, J, in: COENEN, L. & BROWN, C. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, v. 2, op. cit, p. 570.
17. KITTEL, G., ed. Theologial Dictionary of the New Testament, v. 4, op. cit., p. 740.
18. CHAMPLIN, R.N.O Novo Testamento lnterpretado, v. 2. São Paulo: Candeia, 1995, p. 312.
19. Ibid, p. 313.
20. Ibid.
21.lbid,v.6,p.278.

Texto de autoria de Ozeas C. Moura,Th . D., editor na Casa Publicadora Brasileira. Publicado na Revista Adventista de Janeiro/2008.

10 dias de Oração e 10 horas de Jejum 2017

domingo, janeiro 08, 2017

Comece o ano fazendo uma "dieta" para sua saúde emocional


 Reduza seus desejos de bens materiais
Se não está agradecido e alegre com o que tem, se sentirá descontente, ainda que tenha dinheiro em abundância, pois quanto mais tiver, mais desejará ter. Desse modo, à medida que aumentarem os bens, poderá aumentar também as preocupações. Assim ensinou Cristo: “Porque onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mateus 6:21).

• Reduza suas exigências
Não seja perfeccionista, nem espere encontrar perfeição nos demais. Com isso, evitará muitas dores de cabeça. Suas exigências excessivas podem indicar que padece da enfermidade de querer dominar os demais. Pratique a delicada arte de esquecer e perdoar, inclusive a si mesmo.

• Reduza suas fantasias
Saia de seu mundo ilusório. Tenha alvos e aspirações realistas e evitará fracassos e desilusões. A verdadeira felicidade tem uma base sólida. Fixe alvos de acordo com seus talentos e possibilidades, e trabalhe para tornar realidade seus sonhos.

• Reduza suas dívidas
Afaste-se do perigo das dívidas: perigo financeiro, mental e emocional. Você conhece alguém que deve e é feliz? Reduza suas dívidas e aumentará seu senso de segurança.

• Reduza sua dependência do que é externo
Muitos se sentem aborrecidos porque dependem demasiado do celular, computador, da televisão... Se desejar ser mais feliz, viva cada dia dentro do programa de Deus. Utilize mais as mãos e a cabeça. Utilize seus talentos e habilidades.

• Reduza suas diferenças
Não brigue por causa da moda ou costume dos demais. Todos – inclusive você – têm diferentes valores e atuam em níveis distintos. Mas todos desejam auto-realização. E lembre-se: nos assuntos realmente importantes há pouca ou nenhuma diferença entre as pessoas. Frente a uma catástrofe, quão pouco valem as chamadas “coisas de valor”!

• Reduza suas antipatias
Elas representam uma liberação emocional equivocada. Suas antipatias fazem com que certas pessoas ou coisas reflitam seus temores, inveja ou incompreensão. Enriqueça a vida emocional com grandes doses de amor, paciência, tolerância e compreensão, e desfrutará felicidade.

• Reduza seu desgaste nervoso
Milhares estão morrendo de fome. Milhões não conseguem trabalho. Prevalecem a discriminação, a injustiça, e outros males. Mas não deixe que as condições negativas do mundo o deprimam e desgastem sua energia emocional. Jamais permita que os males políticos e sociais o perturbem.

• Reduza suas dúvidas
Quer viver infeliz? Duvide de todos e de tudo, e até de você mesmo. As dúvidas e suspeitas poderão fazer de você um verdadeiro paranoico. Se duvida de sua capacidade para encontrar trabalho e mantê-lo, ou se terá êxito em seus negócios ou estudos, está se preparando para o próprio fracasso!

Esse “regime” o ajudará a eliminar seu sobrepeso emocional e você se sentirá mais ágil – psicológica e socialmente – para correr alegremente a grande carreira de sua vida. Caso não consiga, procure um profissional, pois pode tratar-se de um transtorno que necessitará tratamento especializado.


Russel J. Holt - Seminário de Enriquecimento Espiritual II / Saúde e Adoração

Fonte: Mega phone adv

Qual a diferença entre hebreu, israelita e judeu?


Muitas pessoas, principalmente do ocidente, ainda se confundem sobre a diferença entre os termos: hebreu, israelita e judeu. Vamos entender de forma resumida a origem e significado dos nomes e também um pouco da história por trás desse povo ao qual estes três nomes se referem.

Hebreu (עברי, em hebraico)
A primeira vez nos livros de Moisés (Torá, para os judeus; Pentateuco, para os cristãos) em que o termo “hebreu” aparece é no livro de Gênesis, referindo-se, exatamente, ao pai deste povo, Abraão:
"Então veio um, que escapara, e o contou a Abrão, o hebreu; ele habitava junto dos carvalhais de Manre, o amorreu, irmão de Escol, e irmão de Aner; eles eram confederados de Abrão." (Gênesis 14:13)
Embora a tradição judaica ofereça pelo menos duas correntes para explicar o nome, vamos considerar aquela que é mais aceita pela maioria dos teólogos. Ela se refere aos descendentes de Héber (עֵבֶר em hebraico). O capítulo 10 de Gênesis fala dos descendentes de Noé e das nações que se formaram a partir deles. Noé teve três filhos: Sem, Cam e Jafé, além de outros mais que nasceram depois do dilúvio. Héber foi um dos trisnetos de Sem, filho de Noé.

O nome de Héber é importante porque, segundo a tradição judaica, foi graças a ele que a língua que eles falam foi preservada por Deus. Segundo a tradição judaica, Héber teria se recusado a participar da construção da Torre de Babel e, portanto, o idioma hebraico foi preservado e recebeu este nome em homenagem a Héber, e desta forma, deu também nome ao povo que falava Hebraico, o povo Hebreu. Algumas pessoas tem dificuldade em entender Gênesis 10:5, 10:20 e 10:31, pois estes versículos parecem trazer uma contradição ao citarem povos com suas próprias línguas antes do capítulo 11, que é o capítulo que informa que só havia uma língua na Terra, sendo que é neste mesmo capítulo que é descrito como e porque houve a divisão das línguas. 

A resposta é que a narração não é cronológica, mas sim tópica, como se fosse um adendo, ou uma observação do autor. Para sustentar isso, podemos ler Gênesis 10:25, que apresenta um dos filhos de Héber: Pelegue. Héber teve dois filhos: um foi Pelegue, porquanto em seus dias se repartiu a terra; e o outro foi Joctã. (Gênesis 10:25)

Existe um motivo para Pelegue ter este nome. Pelegue (פלג, em hebraico) significa separar, dividir. Assim, é muito provável que ele tenha recebido este nome em relação ao ato da criação das várias línguas no evento da Torre de Babel, que dividiu completamente o mundo em grupos linguísticos específicos. Vale salientar ainda que existem indícios extra-bíblicos, como por exemplo – as tábuas sumérias – que relatam a existência de apenas uma língua universal no mundo antigo.

Assim, podemos dizer que “hebreu”, da perspectiva etimológica, provem de Héber. No que diz respeito ao grupo de pessoas, podemos dizer que “hebreu” é o povo que descende de Sem, filho de Noé. Ou seja, é o povo semita. Por isso, que atualmente vemos o uso de antissemitismo como uma postura contrária ao povo judeu.

Israelita (ישׁראל, em hebraico)
O termo “israelita” é a versão em português do termo “filhos de Israel” (Bnei Yisrael), que aparece várias vezes na Bíblia (são 608 vezes em traduções como a Almeida). Assim, a melhor maneira de entender o significado de israelita é procurar o significado de Israel.

O nome “Israel”, que no hebraico significa “lutar com Deus”, foi atribuído a Jacó:
"E disse-lhe Deus: O teu nome é Jacó; não te chamarás mais Jacó, mas Israel será o teu nome. E chamou-lhe Israel." (Gênesis 35:10)
Quem foi Jacó? De acordo com a Tanakh (escrituras judaicas) e o Corão (escrituras islâmicas), Isaac foi o único filho de Abraão com Sara. Isaac, por sua vez, teve dois filhos com Rebeca, sendo Jacó e Esaú. Enquanto a descendência de Esaú formou os Edomitas, a descendência de Jacó gerou os israelitas (Lembrando que Jacó teve o nome mudado para Israel).

Assim, israelita é o povo descendente de Jacó. Jacó, juntamente com seu pai (Isaac) e avô (Abraão), são considerados os patriarcas dos filhos de Israel, os israelitas. O próprio Deus confirma isso, anos depois, a Moisés:
"Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó." (Êxodo 3:6a)
Jacó teve 12 filhos com 4 mulheres diferentes (Gênesis 49), além de uma filha (Gênesis 30:21), e teve 70 descendentes diretos (Êxodo 1:5).

Judeu (יְהוּדִי em hebraico)
Para entender o significado do termo “judeu“, temos que primeiro entender que dos 12 filhos de Jacó surgiram as 12 tribos de Israel. Abaixo está um mapa com as doze tribos de Israel por volta do ano 1.100 a.C, conforme nos informa o livro de Josué:

Pode-se notar que uma dessas tribos é a de Judá. O termo “judeu” está ligado ao nome Judá, mas não quer dizer que ele se refira apenas ao povo desta tribo. O termo “judeu” se refere ao povo de todas as 12 tribos. Vamos ver o porquê disso.

Conforme vemos no livro de Ester, esta tribo foi predominante durante o período que antecedeu o retorno daquele povo à terra prometida, assim como durante os primeiros anos deste retorno, conforme os livros de Esdras e Neemias. O fato que justifica o uso generalizado do termo judeu é que havia a predominância da tribo de Judá neste período, assim todo o povo das doze tribos passou a ser chamado de judeu.

Embora as primeiras aparições no nome “judeu” em muitas traduções das Escrituras só se deem no livro de 2 Reis 16:6 e 2 Reis 25:25, no hebraico a tradução mais adequada seria “homens de Judá”. Apenas nos livros de Esdras, Neemias e Ester é que podemos dizer que há efetivamente a utilização deste termo no sentido de povo das doze tribos.

Conclusão
Agora, fica entendido que Hebreu originou-se de Héber; que Israelita originou-se de Jacó; e que Judeu originou-se da tribo de Judá. Todos esses termos têm o mesmo objetivo: referir-se ao povo escolhido por Deus, embora em épocas diferentes.


Abandonem o cristianismo!!!


Abandonem o cristianismo que se esqueceu da Bíblia, que não lê, que não ouve, que não medita e que não obedece a Palavra de Deus. 

Abandonem o cristianismo que fez da oração um negócio, uma troca, e não uma comunhão constante com o nosso Pai onde a maior benção é o próprio Deus.

Abandonem o cristianismo da grande omissão, onde não há proclamação, não há testemunho, não há discipulado.

Abandonem o cristianismo sem cruz, sem renúncia, sem perdas, sem entrega, sem morte.

Abandonem o cristianismo de fim de semana, só da aparência; o cristianismo teatral que vai a igreja, mas não sabe ser a própria igreja.

Abandonem o cristianismo dos eventos que trazem novidades, mas não produzem santidade, que fazem movimento, fazem barulho, mas não produzem comprometimento.

Abandonem o cristianismo que transformou o culto em show, que transformou o homem no centro e na razão do culto.

Abandonem o cristianismo onde Jesus não é mais o Senhor, a cabeça do corpo, onde quem manda são líderes mal intencionados, as famílias mais antigas ou maiores da igreja.

Abandonem o cristianismo onde as pessoas buscam títulos, cargos, posições privilegiadas, e não querem o mais nobre título “servos de Jesus Cristo”.

Abandonem o cristianismo onde as pessoas não são transformadas, não mudam seu jeito de falar, seu comportamento, suas ações e reações.

Por favor, faço um apelo que abandonem esse “cristianismo” vivido por pessoas que querem ser chamadas de “evangélicas”, mas não de cristãos, não mais de discípulos de Cristo, não mais de servos.

Abandonem esse Cristianismo, ou melhor, voltemos ao Evangelho puro e simples de Jesus Cristo!


Pr. Samuel Amaro dos Santos (via O Jornal Batista, Edição 47, p. 4)

Fonte: Mega phone adv

sábado, dezembro 10, 2016

Imagem cristã

O exterior é a revelação
“Graça que não transforma não é graça, é desgraça”, disse o Pr. Ivan Saraiva em uma mensagem para o Está Escrito, logo no dia que eu tanto me questionava sobre continuar ou não com este projeto para meninas e mulheres cristãs. “Quando você recebe a graça, sua roupa é santificada, sua maquiagem é santificada”, continuou. Não tive dúvidas de que aquela resposta era direeeeta pra mim. Ai, me senti tão motivada. Muitas pessoas ainda não compreendem o fato de que a aparência tem poder e revela muito sobre nós. Não, ela não nos define, apenas revela. Nosso exterior é a revelação natural da transformação que tivemos lá dento. Bom, vou poupar vocês de lerem hoje. Gravei um vídeo para falar do assunto. Depois de assistir e refletir, compartilhe com quem você ama.

As fases da criança e a saúde mental

Na Mira da Verdarde


SE PAULO FALAVA EM LÍNGUAS ESTRANHAS, COMO DIZ I CORÍNTIOS 14, PORQUE ESSE DOM NÃO É BÍBLICO?
NO MILÊNIO, APENAS OS PECADOS DOS ÍMPIOS SERÃO
MOSTRADOS, OU DOS SALVOS TAMBÉM?
PRATICAR ESPORTES RADICAIS É PECADO?
O QUE É SER UMA PESSOA SANTA, SEGUNDO A BÍBLIA?
(BOM DEBATE) SE O SIGNIFICADO DO NOME ‘’MIGUEL’’ É ‘’QUEM É
COMO DEUS’’, COMO ELE PODERIA TER DADO ESSE NOME A UM ANJO CRIADO?
APENAS NOÉ E SUA FAMÍLIA FORAM SALVOS DO DILÚVIO?
SATANÁS É CAPAZ DE ADORAR A TRINDADE?
COM EXPLICAR APOCALIPSE 10:4?
JOGAR JOGOS DE AZAR É PECADO?
(MOMENTO DA MENTIRA) É CRISTÃO USAR O BOM HUMOR PARA ‘’ATACAR’’ PENSAMENTOS CONTRÁRIOS?
O RICO E LÁZARO É REALMENTE UMA PARÁBOLA?
ATÉ QUE PONTO DEVEMOS BUSCAR AO SENHOR EM ORAÇÃO POR OUTRA PESSOA?
HAVERÃO DUAS CLASSES DE SALVOS?

De quando Jesus me pareceu ‘bem mal-educado’


Jesus parece ter sido bem arrogante e mal-educado com sua mãe quando ela o procurou para resolver um problema familiar. Qual é o contexto desse texto na época que ele ocorreu? É possível entender de outra maneira que não seja olhar para Jesus com uma cara feia pela atitude dele para com sua mãe? Em alguns parágrafos vou te dar uma ideia do que aconteceu naquele dia.
Maria e Jesus foram convidados para um casamento em Caná da Galileia, provavelmente de algum parente deles[1]. Jesus levou também seus discípulos, segundo a bíblia, eles também foram convidados[2]. Maria era uma das organizadoras da festa, caso contrário, ela não teria tentado resolver o problema da falta de vinho e nem teria dado ordens aos servos para obedecerem a Jesus[3].
O casamento naquela época era algo muito importante e considerado um momento de mostrar a classe social da família envolvida. Geralmente durava uma semana, as vezes duas[4]. E faltar alimento ou algum tipo de bebida era sinal de pobreza ou má administração. O noivo era quem arcava com as despesas[5] e os familiares da noiva poderiam até processá-lo caso faltasse os suplementos naquela semana. Além de ser uma vergonha irreparável para os envolvidos[6].
E é exatamente isso que acontece. Maria, acredito eu, tinha vínculos familiares com o noivo[7], e ficou muito preocupada com a situação. Como uma das administradoras da festa,[8] tenta achar uma solução para o problema. Foi neste momento que ela recorre a Jesus. O texto bíblico diz que ela se aproxima de Jesus e diz: “eles não têm mais vinho[9]. Com essa simples frase ele entende todo o problema. Ele sabia da vergonha da família e do problema social que perduraria por anos. Mas a sua resposta parece ignorar tudo isso e, inclusive, parece ser muito rude com sua mãe. “Que tenho eu contigo, mulher?[10]
Jesus não havia operado nenhum milagre ainda até aquele momento. Por que Maria, então, recorre para Jesus resolver o problema? Primeiro porque não existe somente uma forma de resolver um problema. E a falta de vinho poderia ser resolvido de várias maneiras, como comprando na venda mais próxima ou até emprestando de uma outra família vizinha. O fato é que Maria estava acostumada a recorrer a Jesus para buscar ajuda.
A tradição diz que José, seu pai, havia morrido e Maria já estava viúva há muito tempo. Jesus era o filho mais velho e o responsável por ela e todos os outros irmãos mais novos[11]. Ele tinha a responsabilidade para com sua família. E Maria deve ter recorrido a ele muitas vezes para a solução dos seus problemas. Sem usar a sua divindade ele deve ter buscado solução toda vez que sua família precisou. Agora, sua mãe, recorre mais uma vez ao seu filho mais velho na esperança que ele tenha uma solução.
Mas nesse momento Jesus já está entrando em outro estágio de sua vida. Já está ao redor dele cinco dos seus doze discípulos[12]. Ele começa a entrar em cena como o Messias e começa a trabalhar como o salvador do mundo e não apenas mais como o provedor de sua família. Os discípulos e sua mãe precisam entender que ele não é apenas um homem com boas ideias, mas é o filho de Deus[13].
Por isso veio a resposta, “Que tenho eu contigo, mulher?” Duas coisas temos que entender dessa frase. Primeiro que, para nossa mentalidade ocidental parece falta de educação dizer algo dessa maneira, mas não é rude no contexto da língua aramaica ou grega e nem na cultura da época[14].
Maria aparece duas vezes no evangelho de João, aqui e na hora da morte de Cristo. E as duas vezes Jesus a chama de mulher. Antes de morrer ele passa a responsabilidade para João o cuidado de sua mãe. Essa parte do texto “mulher” poderia ser traduzido para a nossa mentalidade como “querida mulher”, como a NVI o faz, ou até como “mãe” (o que tenho haver com isso, mãe?).
Em segundo lugar tem que ver com a messianidade de Jesus. A partir desse dia ele declara publicamente quem ele realmente é[15]. Ele já não trata aquela mulher como sua mãe, mas como uma de suas criaturas. E ela, por ser a pessoa que o gerou, já não tem mais privilégio especiais por isso. Jesus não se deixa levar por pessoas que tem um contato mais próximo com ele. Não tem partidarismo ou favoritismo. E Maria também tem que entender que ela não tem preferência por ter sido a mãe do Messias aqui na terra[16]. Ele trata a todos iguais. Ele tenta mostrar para Maria e os discípulos que ele já não é o filho dela, mas o Messias esperado.
Ele tem o poder de resolver a situação, mas o tratamento dele seria igual para todos. Ela entendeu a situação e não achou rude a sua resposta. Sabia que, daquele momento em diante, teria que ter fé e não mais afinidade com ele. E foi isso que ela fez. Pela fé, disse aos servos que o obedecessem em tudo, e o primeiro milagre aconteceu.
Se fizéssemos uma tradução interpretativa do texto seria mais ou menos assim:
  1. Jesus, meu filho, preciso que nos ajude com um problema aqui. Acabou o vinho da festa e não sei o que fazer para conseguir mais vinho. Pode nos ajudar? Será que tem onde comprarmos por aqui perto?
  2. Mãe, a partir de hoje você tem que entender que eu já não sou simplesmente seu filho. Comecei meu ministério publicamente como Messias, o filho de Deus. E você será tratada como uma de minhas criaturas e não tem mais o privilégio de ficar pedindo coisas particulares de sua vida só porque é minha mãe. Entendeu?
  3. Ok, eu entendo, Senhor meu e meu Deus. Então disse aos servos: Servos, vocês não entendem tudo ainda, mas Ele é Deus e pode qualquer coisa, por isso o obedeçam em tudo o que ele vos disser.
[1] Carson, D. A. (1991). The Gospel according to John (p. 169). Leicester, England; Grand Rapids, MI: Inter-Varsity Press; W.B. Eerdmans.

[2] João 2:2

[3] Carson, D. A. (1991). The Gospel according to John (p. 169). Leicester, England; Grand Rapids, MI: Inter-Varsity Press; W.B. Eerdmans.

[4] Borchert, G. L. (1996). John 1–11 (Vol. 25A, p. 154). Nashville: Broadman & Holman Publishers.

Tob 8:19; 11:18

Carson, D. A. (1991). The Gospel according to John (p. 169). Leicester, England; Grand Rapids, MI: Inter-Varsity Press; W.B. Eerdmans.

[5] Carson, D. A. (1991). The Gospel according to John (p. 169). Leicester, England; Grand Rapids, MI: Inter-Varsity Press; W.B. Eerdmans.

[6] Borchert, G. L. (1996). John 1–11 (Vol. 25A, p. 154). Nashville: Broadman & Holman Publishers.

Carson, D. A. (1991). The Gospel according to John (p. 169). Leicester, England; Grand Rapids, MI: Inter-Varsity Press; W.B. Eerdmans.

[7] Acredito nisso pelo fato dela se preocupar em resolver a situação, parece que ela estava sentindo a dor deles em ter a falta de vinho.

[8] Como ela tenta resolver a situação e dá ordens aos servos, parece que ela tinha um cargo administrativo na festa.

[9] João 2:3

[10] João 2:4

[11] Carson, D. A. (1991). The Gospel according to John (p. 171). Leicester, England; Grand Rapids, MI: Inter-Varsity Press; W.B. Eerdmans.

Na cruz ele faz provisão para o futuro de sua mãe. (19:25–27)

Borchert, G. L. (1996). John 1–11 (Vol. 25A, p. 154). Nashville: Broadman & Holman Publishers.

[12] André, Pedro, Filipe, Natanael e provavelmente João. Carson, D. A. (1991). The Gospel according to John (p. 169). Leicester, England; Grand Rapids, MI: Inter-Varsity Press; W.B. Eerdmans.

[13] Carson, D. A. (1991). The Gospel according to John (p. 171). Leicester, England; Grand Rapids, MI: Inter-Varsity Press; W.B. Eerdmans.

[14] Borchert, G. L. (1996). John 1–11 (Vol. 25A, p. 155). Nashville: Broadman & Holman Publishers.

[15] Carson, D. A. (1991). The Gospel according to John (p. 171). Leicester, England; Grand Rapids, MI: Inter-Varsity Press; W.B. Eerdmans.

Borchert, G. L. (1996). John 1–11 (Vol. 25A, p. 156). Nashville: Broadman & Holman Publishers.

[16] Carson, D. A. (1991). The Gospel according to John (p. 171). Leicester, England; Grand Rapids, MI: Inter-Varsity Press; W.B. Eerdmans. 
Por Rodrigo Bertotti

O mito da modéstia

Modéstia não é ser uma piada
Sabe o que não suporto? Ver programas de TV mostrando os cristãos como seres esquisitos, que mais parecem alienígenas, tratando com depreciação a imagem do crente — tanto que nos incomodamos com a expressão “crente”, e preferimos usar outros sinônimos. Ser crente é como ser uma piada, uma alienação. Infelizmente, muitos acreditam que simplicidade e modéstia (princípios bíblicos) tem a ver com desleixo e mau gosto; que ser diferente é ser estranho. Nossa imagem é uma das grandes recomendações da nossa fé. Já falamos disso no post Ser desleixado é pecado e neste vídeo AQUI. Antes de falarmos de conduta cristã, saiba que a modéstia é considerada uma qualidade positiva que está de acordo com os padrões éticos e morais estabelecidos pela sociedade. Não é mania ou invenção de crente.
Alguns conselhos:
  • Tenha uma imagem que passe confiança e credibilidade, afinal você propaga uma mensagem que precisa ser levada a sério.
  • Não confunda elegância com riqueza. É possível ver milionários se portando inadequadamente, e moradores de rua agindo com classe. Ter classe não é um luxo, mas um princípio de vida.
  • MODÉSTIA é o mesmo que DISCRIÇÃO. Perceba várias roupas das chamadas “moda evangélica” são tudo, menos discretas. Abusam de acessórios, enfeites e, muitas vezes, de relaxo. Chamam mais atenção do que uma peça bem selecionada de uma loja comum.
  • Modéstia não é acomodação. Se está com sobrepeso ou baixo peso, pode decidir reformular sua dieta. Se está com celulite, pode mudar a alimentação e fazer exercícios físicos. Se está com a pele manchada, pode buscar um tratamento com um especialista e, se preciso for, usar uma maquiagem corretiva. São exemplos simples, mas que frequentemente geram dúvidas no nosso estilo de vida.
  • Vestir-se com simplicidade é uma virtude, pois você não intimida os mais pobres com uma ostentação desnecessária.
  • Por isso recomendamos a simplicidade com elegância, pois assim se passa a melhor impressão para todos os públicos.
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Já vimos por aqui inúmeros estudos científicos e conselhos de especialistas sobre o poder da imagem. Nossa aparência fala de nós antes mesmo de abrirmos a boca. Ela pode transmitir confiabilidade, mas também pode fazer com que nossas palavras pareçam vazias ou malucas. Cuidado, a imagem pode ser um ruído na comunicação — um bloqueio. É óbvio que o foco principal da vida cristã não é ser elegante, arrumado e limpo. Afinal, lemos em I Pedro 3:1-4 que nosso enfeite interno é o mais importante. Mas para realizar uma missão tão grande é preciso ficar atento a todos os detalhes, por isso a Bíblia nos orienta também sobre nossa vestimenta.
Em I Samuel 16:7 se encontra um texto famoso que diz que “o homem vê a aparência, o Senhor vê o coração”. Poucos sabem interpretar corretamente este pensamento. Primeiro, vale entender o contexto desse verso. Deus tinha pedido que Samuel procurasse um novo rei para Israel, mas que não julgasse pela aparência quem poderia ou não exercer este cargo. Entre todos os fortões e com cara de poderosos que Samuel se encontrou, Deus avisou que o escolhido era Davi, o caçulinha que cuidava de ovelhas. Ninguém parecia dar moral pro coitado. É este tipo de aparência que Deus não olha. Não importa nossa estatura, nossa cor ou nossa posição. Ele vê nosso maior potencial quando ninguém mais enxerga isso.
Ah, também vale lembrar que a Bíblia diz: “Brilhe vossa luz diante dos homens” (Mateus 5:16). Ou seja, Deus se importa com o que as pessoas pensam ao nosso respeito. Como vimos acima, o homem não tem o poder de ver nossa alma, nosso coração. Só Deus pode fazer isso. Então, obviamente devo me atentar para minha aparência também, pois é a primeira coisa que o mundo enxerga em mim.
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Costumamos dizer que nosso lar não é aqui, mas também não é em Marte, ? Observe a elegância de Kate Middleton, duquesa da realeza britânica. Em sua função, é indispensável cuidar da aparência, se vestindo de forma agradável, simples, decente e feminina. E nós, que somos representantes de um Reino muito maior, será que não temos uma imagem a zelar? Não devemos nos atentar às impressões que passamos? Gosto muito desses textos de Ellen White:
“Os cristãos não devem se dar ao trabalho de se tornar objeto de estranheza por se vestirem diferentemente do mundo (…). Se o mundo introduzir uma moda de vestuário modesta, conveniente e saudável, que esteja de acordo com a Bíblia, não mudará nossa relação com Deus ou com o mundo se adotarmos essa moda de vestuário.”
(Mensagens Escolhidas, vol. 2, pág. 476)
“Como um povo, não cremos que nosso dever seja estar fora da moda ao sair ao mundo. Não, não devemos ser excêntricos ou esquisitos em nosso vestuário para diferir do mundo, temendo que nos desprezem por assim fazermos.”
(Conselho sobre Saúde, pág 604)
Assim como qualquer empresa e instituição, temos que manter a imagem em conformidade com nossa ideologia. Nossos princípios promovem a decência, discrição, feminilidade/masculinidade, pureza… e como toda a criação de Deus, BOM GOSTO! Ellen White diz que devemos nos educar na “simplicidade do vestuário; simplicidade com elegância”. Já contei essa história, mas vale lembrar… Nas aulas de telejornalismo na faculdade, minha professora dizia que para apresentar um telejornal o profissional deve estar vestido e penteado com elegância, mas sem extravagância. Sabem por quê? A elegância é necessária para que o comunicador seja respeitado e levado a sério. E sobre evitar a extravagância? É simples. O jornalista não deve chamar atenção para si, mas sim para a notícia. Vamos reformular a última frase para você entender melhor como deve ser nossa atitude: O cristão não deve chamar atenção para si, mas sim para a notícia (o evangelho). Isto é modéstia.
Por Emanuelle Sales (Bonita Adventista) 

sábado, novembro 26, 2016

Inspiração/Revelação: O que é isso e como funciona?

Infalibilidade: O profeta verdadeiro erra?

O futebol teológico da “infalibilidade” e da “inerrância” estão agitando mentes e corações no cristianismo evangélico hoje, especialmente na relação destes assuntos com a questão da inspiração profética. Grande parte da discussão revolve em torno de  considerações semânticas, 1 e está intimamente associada com a teoria da inspiração verbal. Contudo, importantes perguntas precisam ser feitas – e respondidas – como: O profeta verdadeiro erra? Todas as predições de um profeta verdadeiro se cumprem 100% do tempo? Um profeta verdadeiro pode ter de mudar algo que escreveu ou disse? Webster define infalível como: “1: incapaz de errar: inerrante; 2: não sujeito a induzir ao erro, enganar ou desapontar: certo; 3: incapaz de errar ao definir doutrinas relacionadas à fé ou à moral.” 2 Ele ainda define inerrante como “livre de erro: infalível.” 3 A questão da infalibilidade profética é levantada porque a Bíblia afirma ser mais confiável do que as produções literárias comuns de autores humanos. Como foi notado na parte 1 desta série, “Toda a Escritura é inspirada por Deus” (II Timóteo 3:16). Ela não está sujeita a “particular elucidação” porque a mensagem não se originou por iniciativa particular ou por criatividade particular. Em vez disso, “homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (II Pedro 1:21). Portanto, disse Pedro, “fazeis bem em atendê-la” (v. 19). Na epístola que bem pode ter sido o primeiro livro do Novo Testamento a ser escrito, Paulo, no mesmo espírito da referência citada acima, de Pedro, admoestou os cristãos tessalonicenses: “Não apagueis o Espírito. Não desprezeis as profecias; julgai todas as coisas, retende o que é bom” (I Tessalonicenses 5:19-21). Por quê? Pedro responde: porque temos uma palavra profética “tanto mais confirmada” (II Pedro 1:19). Traduções mais recentes assim verteram a passagem: a palavra dos escritores proféticos é “tornada mais certa” 4, “tornada mais segura” 5, “ainda mais segura” 6, “ainda mais firme” 7, “confirmada” 8, “reafirmada” 9, e “mais plenamente garantida” 10. A questão, portanto, não é a singularidade da palavra profética por ser “mais confirmada” do que os escritos não-inspirados; a questão é: qual é a essência deste ser “mais confirmada”? De que forma esta palavra é “mais confirmada”? Vários modelos analógicos possíveis podem ser encontrados entre os cristãos evangélicos e entre os adventistas do sétimo dia:
1. A teoria da “camisa de força”: Esta teoria afirma que o controle do Espírito Santo sobre o profeta durante o processo de inspiração é tão rígido, tão apertado, que o profeta é impedido de cometer qualquer tipo de erro. Esta posição é bem ilustrada nas palavras de um evangelista adventista num sermão que explicava Ellen White para não-adventistas: “E, a propósito, as predições de Ellen White até este minuto foram certas todas as vezes. Os videntes gostam de falar de sua média de acertos. Eles se orgulham se estiverem certos 75 ou 80 por cento das vezes. “Ouçam! Um profeta de Deus com uma média de acertos? Nunca! Um profeta de Deus está certo 100% do tempo, ou não está certo de maneira alguma! “E outra coisa! Um profeta de Deus não muda de ideia! “Acho que vocês estão começando a ver a diferença entre um profeta – um profeta verdadeiro – e um vidente.” Assim, são sugeridos três postulados: (a) O verdadeiro profeta tem um QAP (quociente de acertos proféticos) de 100%, enquanto que os videntes (e falsos profetas) comumente têm um QAP de 75-80%; (b) se um profeta de Deus não estiver certo 100% do tempo, ele não está certo nunca; e (c) um profeta verdadeiro nunca tem de voltar atrás e mudar qualquer coisa que tenha escrito ou dito em sua capacidade profissional como profeta. Esta posição extrai suas ideias em grande parte da filosofia básica de inspiração defendida pelo autor de um livro popular sobre Ellen White publicado alguns anos atrás: “Um verdadeiro profeta [itálicos no original] não é um vidente que atua com a ajuda de uma muleta mental ou “espiritual”, mas é alguém quenão tem qualquer grau de liberdade para sintonizar ou controlar os impulsos proféticos ou o chamado profético. Estes impulsos são sobrepostos à mente consciente do profeta por um ser pessoal sobrenatural, que tem absoluto conhecimento tanto do passado quanto do futuro, não deixando margem para equívocos ou erros de cálculo humanos.” 11 Esta posição tem sérios problemas e implicações com relação tanto à Bíblia quanto aos escritos de Ellen White, como será notado mais adiante.
2. A teoria da “intervenção”: Este conceito afirma que se em sua humanidade um profeta de Deus erra, a natureza desse erro é suficientemente séria para afetar materialmente (a) a direção da igreja de Deus, (b) o destino eterno de uma pessoa, ou (c) a pureza de uma doutrina, então (e só então) o Espírito Santo imediatamente move o profeta a corrigir o erro, para que não seja causado nenhum erro permanente.
Esta posição pode se alinhar com a realidade objetiva das Escrituras e dos escritos de  Ellen White. Mas antes de aplicarmos o teste a estas duas teorias, devemos fazer uma  pausa para examinar a natureza e fonte da crença religiosa. Várias perguntas penetrantes são relevantes aqui: (1) Em qual das duas teorias apresentadas acima você acredita? (Ou você tem uma terceira teoria?) (2) Por que você crê nela? Esta segunda pergunta pode ser mais importante que a primeira.
Sua crença é baseada na credibilidade da fonte – algum pregador, pastor, professor de Bíblia favorito ou erudito da Bíblia por quem você tem elevado respeito tomou esta  posição, e por causa de sua consideração por esta pessoa, você aceitou, sem analisar, aquilo que lhe foi dito? Ou você tem esta crença porque você confirmou objetivamente a posição? Na época de Paulo os cristãos de Beréia foram chamados “mais nobres” que os de Tessalônica por duas razões que têm grande relevância para nós nesta discussão: 1. Eles receberam as palavras de Paulo “com avidez”. Isto é, estavam abertos a nova luz; não fecharam a mente. 2. Eles examinavam “as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram de fato assim” (Atos 17:11). Isto é, eles confirmavam o que tinham ouvido antes de aceitá-lo; não aceitaram credulamente, passivamente o que lhes era ensinado, sem verificá-lo pessoalmente na Palavra de Deus.
Poderíamos escusar a Paulo se ele tivesse dito aos bereanos: “Não só sou um profeta inspirado do Senhor, mas também tenho o mais elevado dom espiritual – o do apostolado. Vocês não precisam verificar o que eu lhes disse; podem acreditar na minha palavra, pois eu tenho a mais alta autoridade de Deus nesta Terra”.
Mas ele não lhes disse isso. Em vez disso, louvou-os por não aceitarem simplesmente  sua palavra, mas, ao contrário, por irem aos escritos previamente inspirados a fim de verificar o que ele havia dito.

Confirmar a verdade

Como alguém deve confirmar a verdade? Fazendo uma contagem e aceitando a posição que atrai o maior número de adeptos? Não. Qual é a melhor maneira de determinar a hora correta do dia? Se alguém é interrogado: “Que horas são?” e ele responde: “São 7:10”, como se pode saber se ele está correto? Para dizer a verdade, se você perguntar a várias pessoas que horas são, talvez de cada uma que tenha um relógio você receba uma resposta diferente. Além disso, cada pessoa provavelmente vai presumir que o horário correto é o seu, se o dos outros for diferente. Muitas comunidades têm um número telefônico que pode ser discado para se obter a hora certa. Algumas redes de rádio e televisão têm um sinal sonoro que pode ser ouvido na hora exata. Talvez, para a maioria de nós, confirmar a hora do dia não seja crucial. Pode não ser muito importante estar um minuto ou dois fora do horário. Mas confirmar verdades espirituais pode ser eternamente importante. E como se confirma a verdade? A resposta de Jacques Bénigne Bossuet, bispo francês e pregador da corte de Luiz XIV no século dezessete, é oportuna. Luiz era um grande amante do teatro, e havia frequentemente ordenado apresentações em sua corte. Era amplamente conhecido, por outro lado, que Bossuet se opunha ao teatro como um inimigo do desenvolvimento do caráter cristão e instrumento do mal.Um dia, segundo a história, durante uma pausa nos procedimentos da corte, Luiz olhou ao redor e, vendo Bossuet nas proximidades, chamou-o em voz alta: “Meu bispo, o que você acha do teatro?” Os cortesãos engoliram em seco, pois conheciam as opiniões de ambos os homens. Também sabiam do perigo de dar um veredito contrário à opinião real. O melhor que poderia acontecer era o ofensor ser banido da corte (um destino, para aqueles bajuladores, pior do que a morte), e o pior era ser condenado à morte. Todo mundo esperou, sem fôlego, a resposta de Bossuet, imaginando se ele optaria pela saída mais fácil do dilema (com base da teoria de que é melhor ser um covarde vivo do que um herói morto), ou se ele arriscaria tudo, pronunciando a convicção de seu coração.
Bossuet circunspectamente caminhou até a presença imediata do Rei Sol, curvou-se e  disse com grande dignidade: “Senhor, perguntaste-me o que eu acho do teatro. Dir-te-ei, senhor, o que acho. Há algumas grandes pessoas a favor dele… e há algumas grandes razões contra ele!”
O mesmo poderia ser dito da teoria da “camisa de força” da palavra profética. “Há algumas grandes pessoas a favor dela; mas há algumas grandes razões contra ela”.
Como decidir? A confirmação é potencialmente um processo doloroso, pois os fatos às vezes nos forçam a mudar opiniões antigas e altamente entesouradas. Mas a confirmação é uma necessidade intelectual para qualquer pessoa que considere a verdade como sendo tão importante quanto a própria vida.
É importante que cada um de nós saiba em que cremos, e por que cremos. Na parte 1 desta série notamos a declaração de Paulo de que “temos… este tesouro em vasos de barro” (II Coríntios 4:7) e a observação de Ellen White de que “na obra de Deus pela redenção do homem, a divindade e a humanidade estão combinadas.” 12 Jesus era tanto o Filho de Deus quanto o Filho do homem; e esta mesma união do divino com o humano existe também na Bíblia. O “tesouro” consiste de verdades reveladas e inspiradas por Deus; o “vaso de barro” – o invólucro humano – são as palavras dos homens, escolhidas por eles para comunicar a verdade divina. 13 O “tesouro” – a verdade ou mensagem dada por Deus – é não apenas uma “infalível revelação de Sua vontade”, mas é também “autorizada” 14 – serve de norma para o cristão e tem autoridade sobre ele. Comentando sobre a questão da infalibilidade, Ellen White escreveu: “Unicamente Deus é infalível.” 15 “O homem é falível, mas a Palavra de Deus é infalível.” 16 Quanto ao “vaso de barro”, o lado humano da equação, a Srª White acrescentou: “Tudo quanto é humano é imperfeito” 17, e “nenhum homem é infalível.” 18
Alguns têm tropeçado no fato de que há imperfeições nos escritos de Ellen White.
Exemplos citados pelos críticos incluem sua numeração incorreta dos aliados de Abraão; sua primeira declaração de que Deus ordenou a Adão e Eva que não tocasse no fruto proibido, mais tarde mudada de forma a declarar que estas eram palavras de Eva; sua afirmação de que só oito almas receberam a mensagem de Noé, contradita em outro lugar por sua declaração de que houve outros que creram e que ajudaram a construir a arca; e seu relato da ministração diária no antigo tabernáculo, 19que não se harmoniza inteiramente com o relato dado no Pentateuco. Alguns críticos até chegaram a perguntar se estas imperfeições, estas incorreções, esta falta de confiabilidade comprovada, não são suficiente razão para não basearmos qualquer doutrina nos escritos dela. 20 Não há acusação que possa ser levantada contra Ellen White, em seu papel profissional como profeta, que não poderia e não tenha sido primeiro levantada contra os escritores da Bíblia pelos chamados “eruditos da alta crítica”, quer estas acusações aleguem declaração incorreta dos fatos, cópia de autores não-inspirados (uma acusação examinada em mais detalhes na parte 1 desta série), profecias não-cumpridas, ou retratação de declarações feitas anteriormente.
Não reivindiquemos mais para a Srª White do que reivindicaríamos para os escritores bíblicos; mas também não reivindiquemos menos (por razões que serão discutidas com mais detalhes na parte 3 desta série).
Voltando à declaração direta de Pedro: “Temos assim tanto mais confirmada a palavra profética”, examinemos, sucessivamente, a vida dos profetas, e depois as declarações dos profetas, para ver se somos capazes de determinar como esta “confirmação” opera – ou não opera.

A inerrância e a vida pessoal do profeta

As evidências da História e da Bíblia testificam que o controle do Espírito Santo sobre a vida dos profetas não lhes tirava a liberdade de pecar. Se “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3:23), isto presumivelmente incluiria os profetas também. Para verificar isto, só precisamos examinar a vida deles individualmente, segundo é registrada nos escritos sagrados, para descobrir a natureza e extensão de seus pecados de omissão e comissão.
Um dos profetas mais antigos mencionados na Bíblia é Abraão (Gênesis 20:7). Repetidamente os escritores canônicos tanto do Velho quanto do Novo Testamentos o chamam de pai dos fiéis, e de fato, tanto judeus (através de Isaque) quanto árabes (através de Ismael) o consideram também seu ancestral linear. Abraão não se tornou só progenitor de povos numerosos demais para ser contados, não só teve um relacionamento especial com Deus significado pelo papel e ofício de profeta, mas também recebeu um título – dado pelo próprio Deus – “Abraão, Meu amigo.” 21 (No Alcorão, escrito por Maomé, na Arábia, este título é traduzido como El Khalil. Os filólogos islâmicos declaram que a palavra em árabe – uma língua notada por suas nuanças e finas distinções de significado – não deve ser traduzida simplesmente como “amigo”, mas sim como “um amigo muito especial.”)
Que tipo de homem era este “amigo muito especial” de Deus? Em Gênesis 12 encontramos Abraão e sua esposa Sara no Egito. Porque Sara é uma bela mulher, Abraão teme que Faraó pode desejar acrescentá-la ao seu harém real, e mate Abraão a fim de preparar caminho para esta conquista. Assim, Abraão persuade Sara a declarar que ela é irmã de Abraão, em vez de sua mulher.
Ora, Sara era de fato meia-irmã de Abraão, portanto o que ela disse era uma meia verdade; mas ela era também sua esposa completa. E o que é uma meia-verdade é uma mentira completa, porque a intenção é enganar. Deus interveio na situação de maneira notável para proteger a vida de Seu amigo; e foi permitido a Abraão e Sara que saíssem do Egito sem ser molestados, com todas as suas posses intactas.
Mas oito capítulos mais tarde, em Gênesis 20, vemos a mesma história sendo repetida – com os mesmos resultados. Deus teve muita tolerância com Seu amigo muito especial – assim como tem conosco. Mas temos a tendência de esperar um padrão de comportamento um pouco mais elevado dos profetas! Certamente Abraão devia ter aprendido a lição na primeira vez. Mas isto não aconteceu, como muitas vezes não acontece conosco. Abraão foi não apenas um “régio mentiroso” duas vezes, mas também pecou em concordar com a proposta de Sara para que ele tomasse Hagar como uma esposa secundária para “ajudar” o plano de Deus de tornar a descendência de Abraão tão numerosa quanto a areia do mar e as estrelas do céu. Sara já tinha passado da idade de ser mãe (Gênesis 18:11); e, não crendo que Deus operaria um milagre, procurou uma solução naturalística. Mas ao tomar Hagar, uma das servas de Sara, como sua esposa, Abraão demonstrou um sério lapso de fé. Deus pretendia que Isaque fosse uma criança-milagre – pois ele devia em vários aspectos ser um tipo de Cristo. E mesmo que a conduta de Abraão e Sara fosse aceitável pelos padrões culturais da época, era contrária ao plano de Deus. Paulo usa esta ilustração em Gálatas, capítulo 4, para tornar Hagar uma alegoria da salvação pelas obras, e fazer com que Sara represente a salvação pela fé.
A gravidade da falta de fé de Abraão neste ponto é salientada por um profeta posterior. Pelo fato de ele não ter crido que Deus produziria uma criança-milagre, mas ter tomado Hagar como sua esposa, Abraão foi chamado, alguns anos depois, a oferecer Isaque como sacrifício humano no Monte Moriá. Ellen White escreveu: “Se ele tivesse suportado o primeiro teste e tivesse esperado pacientemente que a promessa se cumprisse em Sara… não teria sido sujeito ao teste mais rigoroso que já foi exigido de um homem.” 22 Isto foi o que aconteceu com El Khalil, o amigo de Deus. O neto de Abraão, Jacó, um profeta, também foi um pecador. Na verdade, seu próprio  nome teve de ser mudado para Israel após sua conversão porque o velho nome significava “enganador” ou “suplantador”; e Deus não podia ter um profeta andando por aí como esse tipo de nome numa época em que a colocação de um nome tinha um significado que ia muito além do significado que tem hoje em dia. Então vem Davi. Duas vezes na Bíblia, uma no Velho Testamento e outra no Novo, Davi recebe o título de “um homem segundo o Seu [de Deus] coração” (I Samuel 13:14, Almeida Revista e Corrigida; ver também Atos 13:22). E que tipo de homem ele era? Bem, entre outras coisas, ele primeiro adulterou com Bate-Seba, e depois assassinou o marido dela, Urias, para encobrir o fato (II Samuel 1). Isto é maneira de um profeta se comportar – especialmente um profeta tão chegado ao coração de Deus?
A propósito, as experiências de Abraão e Davi têm sido usadas recentemente por cristãos caídos, para tolerar a poligamia, entre outros pecados. Contudo, persiste a pergunta: Abraão foi amigo de Deus e Davi um homem segundo o coração de Deus por causa de seus pecados, ou apesar deles?
Embora os profetas fossem todos pecadores – e alguns deles pecadores excepcionais – seus pecados não invalidaram seu dom profético! Jeremias reclamou, acusando a Deus erroneamente (caps. 12:1; 15:15-18). Tanto Jonas (cap. 1:3) quanto Elias (I Reis 19) fugiram do dever. Isto, sem falar de Pedro. Pedro negou seu Senhor três vezes com sujos juramentos de pescadores que não haviam maculado seus lábios durante três anos. Jesus o perdoou, e o restaurou ao ministério evangélico, e até lhe deu o dom da inspiração profética. E será que Pedro viveu uma vida moralmente impecável e justa para sempre depois disto? Não. Pedro foi subsequentemente culpado de gritante hipocrisia. Embora com os cristãos gentios ele fosse a epítome da amizade, nas ocasiões em que havia judeus presentes Pedro serviu de instrumento dos estreitos preconceitos chauvinistas deles ao não conferir aos gentios o mesmo calor da comunhão cristã que lhes teria concedido em particular. Na verdade, esta foi uma questão moral tão séria que o apóstolo Paulo foi obrigado a censurar Pedro de maneira direta e pública (Gálatas 2:11-14). E Pedro foi um profeta. Que dizer de Ellen White? Ela certa vez escreveu: “Unicamente Deus e o Céu são infalíveis. Com relação à infalibilidade, nunca a pretendi; unicamente Deus é infalível.”23 Dizem que um crítico recente achou Ellen White culpada de três pecados (para não dizer crimes): (1) ela foi uma ladra literária, já que ele a acusa de ter roubado os escritos de outros; (2) ela foi uma mentirosa, pois supostamente afirmou que esses escritos eram de sua própria pena, quando não eram; e (3) ela e seu marido Tiago foram declarados exploradores oportunistas e desavergonhados, que escreveram para um mercado garantido, cativo, com o propósito de enriquecer sua própria família!24 Agora, por um momento, vamos assumir que as piores acusações dos críticos de Ellen White fossem absolutamente verdadeiras. Embora estas acusações tenham sido respondidas em detalhes, 25 em consideração ao argumento vamos momentaneamente assumir o pior. Se Ellen White fosse culpada, como é acusada de ser, será que isso invalidaria seu dom profético?
E a resposta vem rapidamente: Não – a menos que você esteja disposto a invalidar o dom profético de Pedro, de Jonas, de Elias, de Jeremias, de Davi e de Abraão, entre outros. Precisamos ser consistentes; precisamos tratar Ellen White exatamente como trataríamos qualquer profeta dos tempos bíblicos. Se não rasgamos de nossa Bíblia os salmos escritos por Davi, as profecias de Jeremias e Jonas e as duas epístolas de Pedro, então não temos direito de lançar fora os escritos de Ellen White. A História e a Bíblia testificam que o controle do Espírito Santo sobre a vida dos profetas não lhes tirava a liberdade para pecar; porém, os atos pecaminosos deles não invalidavam seu dom profético! A esta altura alguém provavelmente vai afirmar que Pedro não disse que temos uma vida profética mais confirmada, mas, sim, que temos uma palavra profética mais confirmada. Então que dizer das palavrasdos profetas?

A inerrância e a palavra profética

Três categorias de “problemas” aparecem quando examinamos os pronunciamentos dos profetas bíblicos e modernos, que suscitam perguntas significativas: (1) profecias nãocumpridas; (2) erros inconsequentes de detalhes pequenos e sem importância; e (3) erros grandes e substanciais. Examinemos cada um sucessivamente, em detalhes.

Profecias não-cumpridas

Algum tempo atrás eu estava realizando uma série de palestras em aula e de reuniões públicas em uma de nossas instituições educacionais. No final da apresentação de quinta feira um obreiro denominacional daquela escola me perguntou se podia falar em particular comigo. Convidei-o a ir à sala de visitas, onde conversamos por mais de uma hora. Logo que ele se sentou, começou: “Realmente quero acreditar em Ellen White como uma legítima e autêntica profetisa do Senhor”. Eu podia dizer pelo tom de sua voz que ele não só era profundamente sincero, mas também estava profundamente preocupado. “Ótimo”, respondi. “Há algum impedimento para a realização de seu desejo?” Sem responder à minha pergunta diretamente, ele prosseguiu: “O cumprimento de predições não é um dos testes de um profeta verdadeiro?” “Oh, sim”, sorri. “Quando eu dava aulas de orientação profética na faculdade tanto na Califórnia quando na Nigéria, examinávamos quatro destes testes: (1) as palavras do ‘profeta’ que está sendo testado devem concordar com as revelações inspiradas anteriores que sabemos terem vindo do Senhor (Isaías 8:20); (2) deve ser aplicado o teste dos frutos, tanto à vida do profeta quanto à vida dos que seguem o profeta (Mat. 7:16 e 20); (3) o profeta precisa testificar que Jesus foi o divino-humano Filho de Deus encarnado (I João 4:1-3); e (4) as predições do profeta precisam se cumprir. “Esta última parte”, eu disse ao meu inquiridor, “é duas vezes mencionada no Velho Testamento. Jeremias (cap. 28:9) a apresenta a partir da perspectiva positiva: ‘O profeta só ao cumprir-se a sua palavra será conhecido como profeta de fato enviado pelo Senhor’. E Moisés a apresenta a partir da perspectiva negativa: ‘Sabe que quando esse profeta falar em nome do Senhor, e a palavra dele não se cumprir nem suceder, como profetizou, esta é a palavra que o Senhor não disse; com soberba a falou o tal profeta; não tenhas temor dele’ (Deuteronômio 18:22).” “Eu pensava mesmo que sim”, meu amigo disse em voz baixa. Depois prosseguiu: “Bem, então o que fazemos com as predições de Ellen White que nunca se cumpriram? Por exemplo, entendo que em 1856 lhe foi mostrado um grupo de membros de nossa igreja numa reunião em alguma parte. Ela disse que alguns deles seriam ‘comida para os vermes’, alguns estariam sujeitos às sete últimas pragas, e alguns estariam vivos e seriam transladados na segunda vinda de Cristo. Alguma das pessoas que esteve presente a essa reunião ainda está viva?” “Não que eu saiba,” respondi. “Na verdade, o último sobrevivente conhecido morreu em 1937 com a idade de 83 anos. Seu nome era William C. White, e ele era um bebê de colo na época. Sua mãe, Ellen White, fez a predição”. “Foi isso que ouvi falar. Bem, como o senhor lida com isso à luz deste teste bíblico sobre um profeta, de que sua predição tem de se cumprir e que, se não se cumprir, isto é evidência de que o Senhor não falou através dele?” “Lido da mesma forma que lido com outras profecias não-cumpridas de profetas genuínos que aparecem na Bíblia”, respondi. “Na verdade, vou tratar disto com bastante pormenores daqui a um momento. Mas minha política, quando as pessoas levantam perguntas sobre o papel profético de Ellen White, é primeiro ir à Bíblia, para ver como a situação é resolvida lá, antes de examinar Ellen White. Veja, quero considerá-la à luz da Bíblia, e não o contrário”. E assim começamos um estudo interessantíssimo sobre profecias não-cumpridas de profetas autênticos e reconhecidos da Bíblia. Provavelmente o exemplo mais conhecido é Jonas. Depois de terminar sua aclamada viagem “submarina” no ventre do grande peixe, Jonas foi a Nínive para cumprir a ordem do Senhor. Nínive era uma grande cidade; Jonas levou três dias para percorrê-la inteiramente. Sua mensagem era tão simples quanto inflexível: “Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida” (Jonas 3:4). Não foi oferecida nenhuma esperança, nenhuma solução conciliatória, nenhum elemento condicional. Depois de dar a mensagem, Jonas saiu da cidade e encontrou um lugar favorável de onde podia ver (e apreciar) o massacre dos inimigos mais odiados de sua nação. Jonas desprezava apaixonadamente essas pessoas, pois os assírios eram os mais guerreadores e terríveis dos inimigos pagãos de Israel. Quando eles capturavam prisioneiros de guerra judeus, esfolavam-nos vivos, para extrair o máximo possível de trauma na tortura antes de matar a vítima. Em tais casos a morte, quando vinha, era uma libertação bem-vinda e misericordiosa. Os judeus, compreensivelmente, não tinham qualquer amor pelos ninivitas. Embora não houvesse qualquer esperança explícita na mensagem de Jonas, os ninivitas (que talvez tenham tido algum conhecimento prévio de Jeová por ter ouvido outros profetas judeus ou lido escritos proféticos judaicos) decidiram emendar seus caminhos. Expressaram seu arrependimento na manifestação cultural apropriada da época – vestiram-se de saco e cobriram-se com cinzas. Deus contemplou tudo, e em amor e misericórdia lhes concedeu uma suspensão da execução. Enquanto isso, o profeta estava se tornando mais irado a cada momento. Suspeita-se que a verdadeira causa desta crescente irritação não era simplesmente sua estreita lealdade judaica chauvinista, mas o medo de que as notícias deste novo acontecimento chegasse a Judá antes dele. Talvez Jonas tenha se preocupado mais com sua reputação profissional como profeta do que com o destino de seus 120.000 “conversos”. Em vez de desejar que fossem batizados com água, ele desejava que fossem incinerados com fogo! Talvez estivesse receoso de que quando chegasse a Jerusalém as crianças que estivessem brincando na rua começassem a recitar, quando ele passasse: “Jonas é um falso profeta; Jonas é um falso profeta”. Por quê? Porque suas predições não se cumpriram. Interessantemente, como uma nota adicional a esta história, ficamos sabendo que vários séculos após este evento os ninivitas “se arrependeram” de seu arrependimento anterior (ver II Coríntios 7:10) e voltaram a seus antigos caminhos. Deus então “Se arrependeu” da suspensão da pena, e enviou a destruição que Jonas havia predito originalmente. Mas Jonas demonstrou ser um profeta “verdadeiro” 200 anos após o fato? Não, de maneira alguma. Se os ninivitas nunca houvessem sido subsequentemente destruídos, Jonas ainda seria considerado um profeta verdadeiro, embora sua predição não tivesse se cumprido. Como? Pelo elemento condicional que existe em algumas profecias, explícita ou implicitamente. Encontramos uma pista disso já em 950 A.C. quando o profeta Azarias instruiu o Rei Asa: “O Senhor está convosco enquanto vós estais com Ele; se O buscardes, Ele Se deixará achar; porém, se O deixardes, vos deixará” (II Crônicas 15:2). Mais ao ponto, porém, é o interessante (e significativo) fato de que nos dois livros bíblicos onde é ordenado o teste do cumprimento, este elemento condicional também é explicitamente declarado. Dez capítulos antes de dar o teste do cumprimento, Jeremias menciona este elemento condicional:
“No momento em que Eu falar acerca de uma nação, ou de um reino para o arrancar, derribar e destruir, se a tal nação se converter da maldade contra a qual Eu falei, também Eu Me arrependerei do mal que pensava fazer-lhe. E no momento em que Eu falar acerca de uma nação ou de um reino, para o edificar e plantar, se ela fizer o que é mal perante Mim, e não der ouvidos à Minha voz, então Me arrependerei do bem que houvera dito lhe faria” (Jeremias 18:7-10).
Moisés também menciona o elemento condicional repetidamente em Deuteronômio. 26
Alguns acham que este é um meio de salvar as aparências e preservar a reputação profissional da profetisa em face de evidências adversas como o não-cumprimento de predições, 27 mas não é. É um princípio bíblico. Não é preciso ter uma formação avançada em teologia para ser capaz de descobrir que tipo de profecia está sujeita ao elemento condicional e que tipo não está. Poderíamos citar outros exemplos bíblicos de profecias não-cumpridas feitas por profetas legítimos e autênticos. A categoria que mais rapidamente vem à mente foi a de uma série de predições feitas por uma meia dúzia de profetas do Velho Testamento sobre a honra e glória nacionais de Israel – predições sobre a missão mundial de Israel e o ajuntamento dos gentios, repouso eterno em Canaã e livramento de inimigos políticos. Algumas destas predições foram cumpridas, secundariamente, através do “Israel espiritual” (a igreja cristã); e algumas talvez sejam cumpridas finalmente para os cristãos, após o pecado e os pecadores terem sido destruídos depois do juízo final. Apesar destas exceções, a maioria destas profecias não foram cumpridas nos tempos bíblicos, não estão sendo cumpridas hoje, e jamais serão cumpridas. 28Então dizemos que os profetas que fizeram estas predições – notavelmente Moisés, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Joel, Sofonias e Zacarias – foram falsos profetas? Não. Nem dizemos, como os que ensinam o arrebatamento secreto, que estas profecias se cumprirão em nossos dias. Na verdade, estes expositores construíram toda uma teologia devido a uma compreensão errônea do elemento condicional em profecia, e defendem um cumprimento nos últimos dias para que possa ficar provado que estes escritores do Antigo Testamento são profetas do Senhor autênticos e fidedignos! 29

Um exame da visão da “comida para os vermes”

Voltemos agora para Ellen White e a visão da “comida para os vermes”, para descobrirmos os fatos do caso. Na última parte de maio de 1856, uma reunião em Battle Creek foi frequentada por membros e obreiros denominacionais de uma igreja que só dali a quatro anos assumiria um nome corporativo. Os presentes vieram para a reunião de várias partes do leste e meio-oeste dos Estados Unidos, e do Canadá. A reunião se iniciou na sexta-feira à tarde, 23 de maio, e se encerrou na segunda-feira, 26 de maio. No sábado havia tanta gente que foi necessário sair da modesta capela que era então usada pelos adventistas e ir para uma grande tenda armada do outro lado da rua para acomodar a multidão. Na quinta-feira de manhã, 27 de maio, foi realizado outro culto, desta vez na capela, onde estavam presentes, em grande parte, obreiros que ainda moravam em Battle Creek. Foi neste culto que a Srª White foi tomada em visão, e lhe foram mostrados alguns dos que estavam assistindo à reunião de 23-26 de maio. O relato desta visão se encontra em Testemunhos para a Igreja, volume 1, págs. 127-137, e ainda é publicado pela igreja, embora alguns críticos afirmem que a igreja tenta esconder as predições não-cumpridas de Ellen White. Incidentalmente, foram feitas, por várias pessoas interessadas, listas cuidadosas dos nomes dos que estiveram presentes a essa reunião. Algumas destas listas ainda sobrevivem nos arquivos do escritório do White Estate na Associação Geral. As listas foram ativamente circuladas entre os adventistas nos primeiros tempos, e J. N. Loughborough conta, numa carta escrita em 1918, sobre dois ministros, um tal de “irmão Nelson” e George Amadon, que levaram esta lista a Ellen White em 1905 para ver se ela podia acrescentar algum nome que eles tivessem esquecido.
Diz-se que a Srª White falou: “O que vocês estão fazendo?” Quando lhe contaram o propósito da lista – mostrar a proximidade da volta de Cristo porque muito poucos dos presentes ainda estavam vivos – Ellen White perguntou o que fariam com a lista. O irmão Nelson respondeu: “Vou imprimir cópias dela e enviá-las a todo o nosso povo”. A réplica instantânea da Srª White foi: “Então parem onde estão. Se eles receberem esta lista, em vez de trabalharem para levar avante a Mensagem, vão ficar procurando na Review toda semana para ver quem morreu”. Loughborough, ao contar a história, concluiu com a observação de que Ellen White se opôs a que este incidente fosse usado como um “sinal dos tempos”.30 Obviamente, ela reconhecia o elemento condicional da visão, e o fato de que a condição não havia sido cumprida pela igreja adventista. O elemento condicional estava explícito no testemunho do anjo a Ellen White na visão de 1856? Não. Mas o elemento condicional também não estava explícito no testemunho de Jonas enquanto ele percorria a pé a “grande” cidade de Nínive. Em ambos os casos, porém, o elemento condicional estava implícito.
Já desde 1850 até 1911, 31 os escritos de Ellen White repetidamente sugerem que se a igreja adventista tivesse cumprido sua tarefa, “a obra se haveria completado, e Cristo haveria vindo antes disto.” 32 O elemento condicional em algumas profecias é exibido tanto na Bíblia quanto nos escritos de Ellen G. White. Aceitá-lo em um mas descartá-lo no outro é inconsistente e irracional. É verdade que algumas profecias não-cumpridas feitas por profetas bíblicos legítimos e autênticos, mas a existência de tais profecias não desacredita necessariamente o profeta que as fez. Há também profecias não-cumpridas nos escritos de Ellen White, e a igreja nunca negou (nem tentou esconder) este fato do público. Os que estudam os escritos proféticos não devem pedir mais da Srª White do que pediriam dos profetas bíblicos.

Erros inconsequentes em pequenos detalhes

Nos escritos inspirados, antigos e modernos, há erros inconsequentes em detalhes pequenos e insignificantes. Isto ocorre na Bíblia, bem como nos escritos de Ellen White. Estes erros – na verdade, todos eles juntos – não afetam a direção da igreja de Deus, o destino eterno de uma única alma, ou a pureza de qualquer doutrina. Não podemos negar que o Espírito Santo poderia ter corrigido estes pequenos erros. Ele obviamente escolheu não fazê-lo, provavelmente porque o erro não era vital para amensagem ou o propósito da inspiração. Examinemos primeiro a Bíblia. Como notamos na parte 1 desta série, o escritor do primeiro evangelho nos informa (em Mateus 27:9 e 10) de uma profecia messiânica, escrita séculos antes do nascimento de Cristo, a qual declarava que Cristo seria traído por 30 moedas de prata. Mateus atribui esta profecia a Jeremias. Mateus cometeu um deslize. O escritor não era Jeremias, mas Zacarias (cap. 11:12 e 13). Notamos também as ligeiras discrepâncias entre os quatro evangelistas sobre as palavras exatas da tabuleta escrita por Pilatos e colocada na cruz, acima da cabeça de Cristo. Mateus alista os milagres de Cristo em uma ordem diferente da de Lucas, e ambos lidam com o sermão do monte de maneiras diferentes – Mateus como um esboço de sermão, Lucas como um instrumento evangelístico para demonstrar as verdades ensinadas por Jesus. Poderíamos também fazer menção do fato de que Hobabe é descrito como cunhado de Moisés em Números 10:29, enquanto que é identificado como sogro de Moisés em Juízes 4:11. O autor de I Samuel 16:10 e 11 identifica Davi como o oitavo filho de Jessé, enquanto o autor de I Crônicas 2:15 diz que Davi era o sétimo filho. Lucas 3:36 menciona um Cainã na genealogia de Jesus, uma pessoa não mencionada em Gênesis 11:12. O relato de Paulo da ratificação da primeira aliança em Hebreus 9:19 não está inteiramente em harmonia com o relato de Êxodo 24:3-8.
E isto também não esgota a lista de erros inconsequentes de detalhes pequenos e insignificantes. O que queremos dizer é, simplesmente, que o “tesouro” das boas-novas de Deus é transmitido à humanidade em “vasos de barro”; e que estes vasos de barro – o invólucro – contém equívocos, erros, discrepâncias, o quer que você os chame – que de forma alguma negam a inspiração divina do material nem a autoridade divina por trás da mensagem.
Ellen White tem a mesma tradição dos escritores bíblicos. O mesmo tipo de pequenos erros encontrados na Bíblia também entraram para os seus escritos. Alguns foram mencionados na introdução desta apresentação. Poderíamos mencionar outros. Logo após a virada do século um obreiro do sul da Califórnia tentou justificar sua perda de confiança na inspiração dos Testemunhos por causa de uma inconsistência numa carta de Ellen G. White. Nesta carta a Srª White falava dos 40 quartos do Sanatório Paradise Valley perto de San Diego; na verdade havia apenas 38 quartos. O homem aparentemente cria que se houvesse qualquer inexatidão nos detalhes de quaisquer escritos de alguém que reivindicava inspiração profética, tais inexatidões negavam a reivindicação, e sua confiança em Ellen White ficou seriamente prejudicada. Em resposta, a Srª White comentou: A informação dada com respeito ao número de quartos do Sanatório Paradise Valley foi dada, não como uma revelação do Senhor, mas simplesmente como uma opinião humana. Nunca me foi revelado o número exato de quartos em qualquer de nossos sanatórios; e o conhecimento que obtive de tais coisas foi adquirido perguntando àqueles que supostamente deveriam saber. Há ocasiões em que precisam ser declaradas coisas comuns, pensamentos comuns precisam ocupar a mente, precisam ser escritas cartas comuns, e precisam ser dadas informações que passaram de um obreiro a outro. Tais palavras, tais informações, não são dadas sob inspiração especial do Espírito Santo. 33 Em 4 de junho de 1906, Ellen White escreveu uma carta para um irmão da igreja que lhe havia escrito antes sobre a inspiração dosTestemunhos: Em sua carta, você fala que foi educado desde cedo a ter implícita fé nos testemunhos, e diz: “Fui levado a concluir e a crer firmemente que toda palavra que a senhora já falou em público ou em particular, que toda carta que a senhora já escreveu em toda qualquer circunstância, era tão inspirada quanto os Dez Mandamentos”. Meu irmão, você tem estudado meus escritos diligentemente, e nunca encontrou neles qualquer reivindicação desse tipo, nem vai constatar que os pioneiros de nossa causa fizeram tais reivindicações. 34
Ao escrever sobre o Massacre de São Bartolomeu na edição de 1888 de O Grande Conflito, a Srª White mencionou de passagem que o soar do sino no palácio do Rei Carlos IX em Paris é que foi o sinal para começar a desumana destruição que custou a vida de dezenas de milhares de huguenotes franceses protestantes em 24 de agosto de 1572.
Depois do livro impresso alguém questionou a exatidão da declaração dela, sugerindo, em vez disso, que talvez tenha sido o sino da igreja de St. Germain, em frente ao palácio. E ainda outro disse que não, que era o sino do Palácio da Justiça, que ficava na esquina do palácio real! Ellen White, na edição revisada de 1911 do livro, reformulou a declaração de forma a dizer simplesmente: “Um sino badalando à noite dobres fúnebres, foi o sinal para o morticínio.” 35 A questão não era a identidade do sino; os eventos daquela noite é que foram importantes. O erro de Mateus ao atribuir a profecia messiânica das 30 moedas de prata à fonte errada (Jeremias, em vez de Zacarias) foi duplicado por Ellen White num artigo da Review and Herald menos de dois anos antes de sua morte. Ela escreveu: “’O amor de Cristo nos constrange’, declarou o apóstolo Pedro.” 36 Ela estava, é claro, citando II Coríntios 5:14, e a atribuição deveria ter sido a Paulo, não a Pedro. As datas apresentam problemas singulares. Em dois de seus volumes publicados 37 a Srª. White menciona ter ido se encontrar com o marido, Tiago, em Wallings Mills, Colorado, na “segunda-feira, 8 de agosto” de 1878. Este, obviamente, foi um erro, pois naquele ano a segunda-feira caiu em 5 de agosto, não 8 de agosto. Há outro problema de potencialmente maior seriedade na datação, que é mal compreendido por alguns, e é considerado por um crítico como um argumento inegável para rebaixar a natureza e o grau de inspiração de Ellen White. Num pós-escrito incluído no volume 2 de Spiritual Gifts, Ellen White escreveu esta declaração e apelo bastante incomum: “Faz-se uma solicitação especial para que se alguém encontrar declarações incorretas neste livro, informem-me imediatamente. A edição será completada em cerca de 1de outubro; portanto, envie antes desta data.” 38 Você pode imaginar, exclama um crítico, o apóstolo Paulo colocando um pós-escrito em uma de suas epístolas dizendo aos membros daquela igreja que se encontrarem alguma coisa errada na epístola, que escrevam para ele antes de ela ser impressa e enviada a todas as igrejas? Como devemos compreender esta declaração incomum? Primeiro, o volume 2 de Spiritual Gifts era um relato autobiográfico das experiências de Tiago e Ellen White de 1844 a 1860. O duplo propósito ao escrever esta obra foi explicado no prefácio do livro (e portanto deve provavelmente ter sido passado por alto pelo crítico; aparentemente muito poucas pessoas lêem o prefácio de qualquer livro!) 1. Ellen White desejava, simplesmente, refutar acusações de mormonismo, que haviam sido feitas especialmente no “oeste”. Em março de 1860, um homem em Knoxville, Iowa, afirmou ter conhecido Tiago e Ellen White 20 anos antes quando eles supostamente eram líderes da colônia mórmon em Nauvoo, Illinois. (Vinte anos antes Ellen White era uma mocinha solteira de 12 anos; ela só iria conhecer Tiago White daí a pelo menos cinco anos!) 2. Ellen White também desejava confirmar a fé dos crentes. Cerca de 16 anos tinham se passado desde 1844. Agora havia frutos evidentes tanto na vida de outros como na vida de Tiago e Ellen White. As últimas dez páginas deste livro em particular estão cheias de testemunhos pessoas de diferentes crentes adventistas quanto à exatidão das declarações feitas no texto quanto à condição física dela enquanto em visão, suas curas de doenças, a natureza das heresias que os White enfrentaram nos primeiros tempos, além da refutação de calúnias feitas contra a liderança. 39
Mais adiante no prefácio está esta pista explicando a solicitação estranha para que as pessoas relatem “declarações incorretas”: Ao preparar as páginas seguintes, laborei sob grandes desvantagens, pois dependi, em muitos casos, da memória, uma vez que só comecei a manter um diário há poucos anos. Em vários casos enviei os manuscritos a amigos que estavam presentes quando as circunstâncias relatadas ocorreram, para que eles os examinassem antes de serem impressos. Tomei grande cuidado e gastei muito tempo esforçando-me para declarar os fatos simples da maneira mais correta possível. 40Ao fazer este relato autobiográfico, a Srª White confiou grandemente, para estabelecer as datas, em cartas reavidas da família Stockbridge Howland de Topsham, Maine. Eles haviam cuidado do filho dela, Henry, por cinco anos, enquanto Ellen viajava com o marido James. Ellen havia escrito para os Howland frequentemente, enquanto ela e o marido viajavam de lugar para lugar.
Uma possível evidência de que a estranha solicitação deu frutos é o fato de que duas datas que aparecem em Spiritual Gifts, volume 2, foram alteradas em relatos históricos paralelos da pena da Srª White em publicações posteriores: No relato anterior da primeira série das conferências proféticas de Guilherme Miller in Portland, Maine, a data é dada simplesmente como 1839, e a data da segunda série foi dada simplesmente como 1841. 41 Um relato paralelo posterior, contudo, corrige a data da primeira série para março de 1840, 42 e a segunda série para junho de 1842. 43 Os dois anos de intervalo é preservado nos relatos posteriores, mas as datas são ajustadas em um ano em cada um dos casos. Ellen White certamente não estava pedindo a qualquer leitor para corrigir uma mensagem que ela havia recebido do Senhor! Portanto é incorreto dar essa impressão, como alguns críticos têm feito.
Talvez um exemplo mais das imperfeições do “vaso de barro” no “invólucro” da mensagem profética será suficiente para mostrar que Ellen White (como os escritores bíblicos antes dela) era completamente humana, e sujeita a erros simples que o Espírito Santo nunca Se incomodou de corrigir (embora facilmente pudesse tê-lo feito).
Ellen White manteve contínua correspondência com um colportor chamado Walter Harper por mais de vinte anos. Numa das cartas ela lhe pediu emprestados mil dólares, oferecendo-lhe quatro a cinco por cento de juros durante o período do empréstimo 44 (enquanto os bancos naquela época estava oferecendo só três a quatro por cento – mais evidências contra a acusação de “exploração”).
Em 9 de novembro de 1906, a Srª White escreveu para o irmão Harper num estado de grande agitação. O embaraço e confusão dela são por demais evidentes; brotam de quase todas as linhas da página!
Harper havia escrito pedindo um testemunho que Ellen White havia originalmente enviado ao presidente da Associação Geral George I. Butler e que aparentemente já era bem conhecido no campo. Não era incomum que esses tipos de cartas quase públicas circulassem livremente entre os membros da igreja em geral naquela época.
Após a carta ter sido despachada, a Srª White descobriu, para sua consternação, que ela havia enviado a carta errada! Ao escrever para o colportor Harper ela primeiro o lembra de que o que ela havia lhe enviado era “de minha propriedade pessoal especial”, e depois pede a devolução imediata, instruindo-o a não tornar o assunto público, e se ele já tivesse sido visto por outros olhos, estas pessoas deviam ser instruídas sobre a importância o sigilo.
Ela conclui instruindo o irmão Harper a nem mesmo fazer uma cópia pessoal da carta antes de devolvê-la, dizendo-lhe que ela tem, agora, a carta que originalmente tencionava enviar para ele. Embora obviamente embaraçada pelo erro, ela não hesita em falar do “que fiz por equívoco”, admitindo (como sempre o fazia quando lhe perguntavam diretamente) que era humana, e sujeita às fragilidades da natureza humana. 45 A “maior confirmação” da palavra profética não chega (como a teoria da “camisa-de-força erroneamente sugeriria) a impedir o profeta de cometer pequenos erros. Só quando tais erros afetariam materialmente (a) a direção da igreja de Deus, (b) o destino eterno de uma alma, ou (c) a pureza da doutrina, é que o Espírito Santo intervém para corrigir a situação imediatamente através do profeta, para que não haja dano permanente.

Assuntos de maior importância

Ocasionalmente os profetas, antigos ou modernos, cometeram erros importantes que precisaram de correção imediata do Espírito Santo. Provavelmente o exemplo mais evidente das Escrituras é o incidente registrado em II Samuel 7 e I Crônicas 17. 46 Certo dia o rei Davi chamou Natã, um profeta literário mas não-canônico, para dizer-lhe de sua preocupação com a falta de um edifício adequado para acomodar a arca da aliança e outros móveis litúrgicos do ritual cerimonial judaico, que datavam do Sinai e do tabernáculo mosaico.
Provavelmente de maneira expansiva, Davi sugere que seja construído um edifício apropriado, especialmente já que o rei agora mora num luxuoso palácio. Talvez ele tenha indicado que este edifício, digno da adoração a Jeová, possua tal escala de magnificência que qualquer gentio que estivesse viajando num raio de 150 km de Jerusalém fizesse um desvio só para ver esta maravilha do mundo antigo.
Natã, talvez pensando no tremendo custo de tal edifício, e possivelmente com receio de ser chamado a fazer uma campanha para levantamento de fundos, mostrou alguma reticência. E possivelmente Davi, sentindo essa reticência, sugeriu ainda que ele, o rei, financiaria todo o custo do tesouro real. De qualquer forma, Natã agora fica tão entusiasmado quanto o monarca e lhe dá total aprovação para o projeto.
Naquela noite, quando Natã estava outra vez em casa, Deus veio a ele e lhe disse, com efeito, que ele não havia representado corretamente a vontade de Jeová quando deu o sinete de aprovação, como profeta, à proposta do rei. Natã devia ter consultado primeiro o “quartel-general” antes de endossar o projeto.
Natã foi instruído a voltar ao rei no dia seguinte e dizer ao monarca que Deus apreciava a generosidade que inspirara um plano tão magnífico, mas que não era vontade de Deus que o templo fosse construído por Davi. Em vez disso, seria o templo de Salomão, pois Davi havia sido um homem de guerra, um homem de derramamento de sangue. Davi podia fazer a planta e as especificações, podia contratar os empreiteiros e artesãos, e podia até dar o dinheiro para pagar por ele. Mas seria o templo de Salomão, não de Davi. Natã, provavelmente um pouco envergonhado, corajosamente voltou ao rei no dia seguinte para contar-lhes das mudanças celestiais para o plano real. E Davi, “um homem segundo o seu [de Deus] coração”, concordou e disse: “Assim seja”. E assim foi. Em tempos mais modernos, a mais recente profeta de que há registro, Ellen White, teve várias experiências em que tomou posições contrárias à vontade de Deus, e a situação foi suficientemente séria para Deus intervir a fim de corrigir o assunto, mais uma vez atuando através do profeta para realizar esse fim. Um destes incidentes foi a resolução da questão da hora exata para iniciar a observância do sábado. 47 Os adventistas do sétimo dia originalmente aprenderam sobre o sábado através dos labores de adeptos batistas do sétimo dia, que observavam o sábado do pôr-do-sol da sexta-feira ao pôr-do-sol do sábado. Alguns adventistas seguiram o exemplo dos batistas do sétimo dia nesta observância de pôr-do-sol a pôr-do-sol. Três outras posições foram também tomadas pelos adventistas do sétimo dia: (1) Alguns no Maine advogavam uma observância do nascer do sol do sábado ao nascer do sol do domingo, com base numa compreensão errônea de Mateus 28:1: “No findar do sábado, ao entrar o primeiro dia da semana”). (2) Alguns “legalistas” defendiam o tempo “legal” – de meia-noite a meia-noite. (3) E um terceiro grupo defendia o “tempo equatorial”. No equador o sol diariamente nasce às seis da manhã e se põe às seis da tarde. O Capitão José Bates era o líder desse grupo, e tinha firme apoio tanto de Tiago quanto de Ellen White para sua posição. O grupo do nascer do sol foi eliminado comparativamente cedo, pois em visão certa ocasião Ellen White ouviu o anjo citar Levítico 23:32: “De uma tarde a outra tarde celebrareis o vosso sábado”. A maioria dos adventistas, contudo, continuou seguindo o tempo equatorial. No verão de 1855 Tiago White solicitou a John Nevins Andrews, um de nossos primeiros estudiosos, a pesquisar o assunto. Suas conclusões foram apresentadas à sessão da Associação Geral em Battle Creek em novembro daquele ano. Com base em nove textos do Velho Testamento e dois do Novo Testamento, Andrews demonstrou que, para o propósito da discussão imediata, “tarde” e “noite” eram sinônimos de pôr-do-sol.
Quase todos os que assistiram à conferência aceitaram a conclusão de Andrews. Mas o teimoso Capitão Bates continuou firme com sua teoria do tempo equatorial. E Ellen White (que aprendeu sobre o sábado com Bates) tomou o lado de seu mentor. A conferência assim ficou dividida e em confusão.
Deus atuou rapidamente. Quando esta sessão da Associação Geral se aproximava do final, os presentes se uniram numa sessão de oração fervorosa pela prosperidade da causa, e durante esta reunião de oração Ellen White foi tomada em visão e lhe foi mostrado que o pôr-do-sol era o horário correto de começar a observância do sábado. Quase todos aceitaram a luz do Céu, e o dom espiritual de profecia novamente produziu o fruto da unidade.
Ficou claro para todos na conferência que Deus estava falando e guiando, pois Ellen White não estava agora meramente repetindo suas posições pessoais anteriores. E a função do espírito de profecia na vida e obra da igreja novamente foi ilustrada nesta experiência. Pois o dom de profecia nunca foi dado para iniciar, mas sim para confirmar e corroborar, no caso de os membros da igreja estarem tomando a direção correta com base em seu estudo da Bíblia, ou para corrigir e redirecionar, no caso de terem ido até onde podiam e estarem tomando a direção errada.
Outro incidente em que Ellen White teve de reverter uma posição anterior teve a ver com a proposta de fechamento da Southern Publishing Association (Associação Publicadora do Sul) em 1902. 48
Ellen White voltou em 1900, após nove anos de serviço na Austrália, e se instalou no Vale do Napa, num local chamado “Elmshaven”, perto de Santa Helena, na Califórnia. Em 1901 ela saiu cedo para assistir à sessão da Associação Geral, que se iniciaria em 2 de abril em Battle Creek, passando por Nashville, Tennessee, onde seu filho Edson havia iniciado um novo trabalho de publicações particular. Como não havia capital, a gráfica foi primeiro instalada num galinheiro/celeiro, e subsequentemente mudada para a cidade em março de 1900.
No dia em que a sessão da Associação Geral se iniciou, Ellen White escreveu “Um Apelo para o Trabalho no Sul”. Ela falou da necessidade de escolas, sanatórios, e de uma casa publicadora onde pudessem ser produzidos livros para uso dos obreiros denominacionais do sul. Ela falou do negócio limitado de Edson, e insistiu que os irmãos o assumissem, já que era necessário um grande edifício para o tipo de programa que ela tinha em mente. Este conselho para estabelecer e equipar uma grande casa publicadora foi uma das primeiras perplexidades a confrontar Arthur G. Daniells, presidente recém-eleito da Associação Geral. A igreja já tinha dois empreendimentos de publicação, um em Battle Creek e um em Oakland, Califórnia. Ambos estavam num estado de “assinalada depressão”, porque havia pouca demanda por nossa literatura nessa época (havia só alguns colportores no campo, e estes estavam experimentando só um sucesso moderado). Na verdade, ambas as casas publicadoras estavam pegando um volume substancial de impressões comerciais para manter a solvência. A comissão da Associação Geral achou que a época não era oportuna para iniciar uma terceira publicadora quando as outras duas mal estavam funcionando durante meio período, e que tal decisão serviria apenas para levar todas as três publicadoras a pegarem mais trabalhos comerciais ainda. Mas Daniells tinha completa confiança na visão de Ellen White, pois havia trabalhado com ela na Austrália durante a década de 1890, e ele persuadiu a comissão a ratificar o plano do Céu. Então a Srª. White complicou ainda mais a situação para a liderança da igreja, insistindo na interrupção completa de todo o trabalho comercial em nossas casas publicadoras. Isto significaria fechar metade das prensas e demitir metade dos funcionários, e alguns membros da comissão começaram a cogitar em voz alta que a profetisa (agora com 74 anos) talvez estivesse sofrendo de senilidade. Alguns até achavam que as mensagens sobre a obra de publicações não eram realmente inspiradas por Deus. No final do ano Daniells foi para Nashville para a primeira reunião anual da mesa da Southern Publishing Association, e descobriu que durante o primeiro ano de funcionamento a publicadora havia perdido 12.000 dólares, o equivalente ao capital original investido no empreendimento! Ele tinha a certeza de que agora eles haviam dado a volta por cima, mas no final do segundo ano, e do terceiro, a publicadora continuou a perder regularmente 1.000 dólares por mês.
Foi nomeada uma comissão investigativa. Ela visitou Nashville, e voltou com a recomendação de que fosse vendido o equipamento de impressão a um ferro-velho (o maquinário era de segunda-mão e já “quebrado” ao ser comprado, e eles temiam que a caldeira explodisse a qualquer momento) e que a casa “publicadora” fosse rebaixada a um depósito onde os livros impressos nas duas outras publicadoras pudesse ser temporariamente estocado até que os colportores precisassem dele.
A comissão da Associação Geral ainda submeteu-se à opinião da profetisa, e enviou uma pequena delegação a Elmshaven para apresentar os duros fatos à Srª White e receber (assim esperavam) a aprovação dela para o plano de emergência que tinham para salvar a nova casa publicadora.
Reunidos com Daniells e com a Srª. White estavam: W. T. Knox, presidente da recém organizada União do Pacífico (em 1909 ele seria eleito tesoureiro da Associação Geral); W. C. White, o filho, companheiro de viagem e confidente da profetisa; A. T. Jones, presidente da Associação da Califórnia (mais tarde ele apostataria e se uniria a John Harvey Kellogg em Battle Creek, contra o conselho de Ellen White); J. O. Corliss, na ocasião pastor na Califórnia, e que havia sido um pioneiro da obra na Austrália junto com Daniells e a profetisa; E. R. Palmer, secretário da Associação Geral; e Clarence Crisler, ex-secretário particular de Daniells e agora estenógrafo de Ellen White. Ellen White ouviu em silêncio a trágica ladainha de fracassos relatada pelos irmãos. Ela ficou profundamente entristecida e perplexa, sem dúvida em parte porque fora seu filho que tinha iniciado o programa, e porque ela havia dado seu aval pessoal para que a denominação o assumisse e expandisse.
Talvez os membros da comissão a tenham lembrado de seu conselho recentemente publicado: “À medida em que forem estabelecidas igrejas paroquiais, o povo de Deus irá … aprender como conduzir a escola numa base de sucesso financeiro. Se isto não puder ser feito, fechem a escola até que, com a ajuda de Deus, possam ser formulados planos para conduzi-la sem a nódoa da dívida. … Devemos evitar as dívidas como evitaríamos a lepra.” 49
A Srª White finalmente falou. Ela concordou que a casa publicadora precisava ser colocada sobre uma base financeira sólida. “Se isto não puder ser feito, é melhor fechá-la”. Pressionada para dar uma solução que ela não possuía, a Srª White finalmente concordou que a casa publicadora deveria ser transformada num depósito.
Daniells, fortalecido por Crisler com uma transcrição das palavras escritas da Srª White em seu bolso, tomou o trem para Battle Creek, grandemente aliviado. Imediatamente após retornar, convocou uma sessão da comissão da Associação Geral, e eles imediatamente votaram o fechamento da casa publicadora como impressora de literatura, e depois voltaram a atenção para outras preocupações mais urgentes. Alguns dias mais tarde explodiu uma bomba na forma de uma carta da Srª White. Ela agora aconselhava que não encerrassem a impressão em Nashville, mas sim que recomendassem que os irmãos fizessem planos para evitar mais dívidas e que avançassem em fé; se o conselho do Senhor fosse seguido, Ele daria o sucesso. Com um pouco de embaraço, sem dúvida, ela disse que a instrução que havia dado aos membros da comissão que a visitaram estava errada. Na mesma noite, após a reunião, o Senhor lhe havia dado uma visão, mostrando-lhe que ela estava errada, e dizendo-lhe que procedimento devia na verdade ser seguido.
Em 20 de outubro, um dia após a comissão ter se reunido debaixo do grande carvalho no gramado de Elmshaven, Ellen White escreveu a A. G. Daniells: “Na noite passada pareceu-me estar na sala de operações de um grande hospital, ao qual estavam sendo trazidas pessoas, e em grande pressa estavam sendo preparados instrumentos para amputar-lhes os membros. Entrou alguém que parecia ter autoridade, e disse aos médicos: “É necessário trazer estas pessoas para esta sala?” Olhando compassivamente para os sofredores, ele disse: “Nunca amputem um membro até que tenha sido feito todo o possível para restaurá-lo”. Examinando os membros que os médicos estavam se preparando para amputar, ele disse: “Eles podem ser salvos. O primeiro trabalho é usar todos os meios disponíveis para recuperar estes membros. Que terrível erro seria amputar um membro que poderia ser salvo por paciente cuidado! As conclusões de vocês foram tiradas muito apressadamente. Coloquem estes pacientes nos melhores quartos do hospital, e deem-lhes o melhor cuidado e tratamento. Usem todos os meios ao seu alcance para salvá-los de viverem como inválidos, com sua utilidade prejudicada para toda a vida”.
Os sofredores foram removidos para um quarto agradável, e fiéis auxiliares cuidaram deles sob a direção da pessoa que falou; e nenhum membro teve de ser sacrificado. 50 Numa carta escrita várias semanas mais tarde, endereçada a “Meus irmãos em posições de responsabilidade”, a Srª White salientou que “Durante a noite seguinte a nossa entrevista em minha casa e lá fora no gramado debaixo das árvores, em 19 de outubro de 1902, com respeito ao trabalho na região sul, o Senhor me instruiu que eu tinha tomado uma posição errada.” 51
A profetisa tinha errado, e o erro foi suficientemente sério para requerer a intervenção e correção imediata do Espírito Santo para que não houvesse dano permanente. Realmente temos uma “tanto mais confirmada” palavra profética. Se o profeta em sua humanidade errar, e o erro for suficientemente sério para afetar a direção da igreja, o destino eterno de um membro, ou a pureza da doutrina, Deus intervém imediatamente através do profeta, para corrigir o erro de forma que não haja dano permanente! Vem-me à mente uma outra ocasião em que Ellen White voltou atrás e mudou sua posição; isto foi em conexão com a edição prematura de seu Testemunho No. 11. Os irmãos estavam tentando levantar fundos para dar início ao Sanatório de Battle Creek, e sabiam que Ellen White tinha tido uma visão sobre o assunto. Acharam, naturalmente, que se pudessem usar os conselhos dela para encabeçar a lista dos argumentos deles em favor do sanatório, poderiam levantar mais rapidamente os fundos de que tanto precisavam. Então pressionaram a Srª White a mandar para publicação o Testemunho No. 11 antes de ela estar preparada para enviá-lo ao prelo. Ela acedeu relutantemente às importunações deles, mas mais tarde se arrependeu; e no Testemunho No. 12, que veio pouco depois, ela admitiu publicamente que “sob estas circunstâncias cedi minha opinião a de outros e escrevi o que apareceu no Nº. 11 com respeito ao Instituto de Saúde, sendo incapaz naquele momento de escrever tudo o que eu tinha visto. Nisto agi errado.” 52 Estendendo-se um pouco mais, ela disse: “O que apareceu no Testemunho Nº. 11… não devia ter sido dado até que eu fosse capaz de escrever tudo o que eu tinha visto com respeito àquilo.”
Uma comparação do Nº. 11 com o Nº. 12 mostra uma ligeira (mas talvez significativa) mudança em sua posição teológica com respeito à relação entre a reforma pró-saúde e a terceira mensagem angélica. No Nº. 11 ela escreveu: “Foi-me mostrado que a reforma pró-saúde é parte da terceira mensagem angélica e está relacionada tão intimamente a ela como o braço e a mão ao corpo humano.”53 No Nº. 12 ela escreveu: “A reforma pró-saúde está intimamente associada à obra da terceira mensagem, mas não é a mensagem.” 54 Com respeito a esta indevida pressão por parte dos líderes da igreja, Ellen White votou nunca mais ser forçada a tomar a posição insustentável de escreve sobre qualquer assunto antes de se sentir pronta para isto: “Deve-se-me permitir que eu conheça meu dever melhor do que qualquer pessoa possa conhecê-lo por mim, especialmente no que diz respeito a assuntos que Deus me revelou. Serei censurada por alguns por falar o que estou falando agora. Outros me censurarão por não ter falado antes. … Se eu demorar mais para falar sobre meus pontos de vista e sentimentos, devo ser ainda mais censurada tanto pelos que acham que eu devia ter falado mais cedo quanto por aqueles que talvez achem que eu não deva dar qualquer admoestação. Pelo bem dos que estão à frente da obra, pelo bem da causa e dos irmãos, e para me poupar de grandes provações, falei livremente.” 55

Conclusão

O que os adventistas do sétimo dia dizem, então, sobre a infalibilidade e inerrância dos profetas? Vamos ouvir a suma de todo o assunto. Os escritores bíblicos em si não eram homens infalíveis. Contudo, o Espírito Santo que os inspirou era infalível. As revelações deles (“este tesouro”) veio diretamente de um Deus infalível. Estes homens inspirados comunicaram a mensagem como homens falíveis, usando linguagem humana imperfeita (“vasos de barro”) como o veículo desta comunicação.
Com respeito a Ellen White, foi levantada a pergunta enquanto ela ainda estava viva: “Os adventistas do sétimo dia consideram a irmã White infalível?” A pergunta foi respondida nas páginas da Review and Herald em 1883 por W. H. Littlejohn numa declaração sucinta e direta: “Não. E também não creem que Pedro ou Paulo fossem infalíveis. Eles creem que o Espírito Santo que inspirou Pedro e Paulo era infalível. Eles creem também que a Srª White, de tempos em tempos, recebeu revelações do Espírito de Deus, e que as revelações dadas a ela pelo Espírito de Deus são exatamente tão confiáveis quanto as revelações dadas pelo mesmo Espírito a outras pessoas.” 56 A denominação adventista do sétimo dia hoje ainda sustenta que Ellen White foi confiável, fidedigna e autoritativa como profeta do Senhor. A igreja adventista afirma que ela foi inspirada da mesma forma, e no mesmo grau, que os profetas da bíblia; e contudo, paradoxalmente, a igreja afirma também que não fazemos de seus escritos outra Bíblia, nem mesmo os consideramos uma adição ao cânon sagrado da Escritura. A explicação mais plena desta posição numa discussão do “relacionamento adequado dos escritos de Ellen G. White com as Escrituras” será o assunto da parte 3 desta série. Juntamente com Pedro, podemos declarar com coragem e confiança: “Temos assim tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vossos corações” (II Pedro 1:19).

Referências:

1 Para uma discussão recente equilibrada e extremamente útil sobre as várias posições e proponentes, veja o editorial “Rhetoric About Inerrancy: The Truth of the Matter” na revista Christianity Today, vol. 25, no. 15 (4 de setembro de 1981), pp. 16-19. 
2 Webster’s New Collegiate Dictionary (Springfield, Mass.: G & C Merriam Co., 1976), p. 590. 
3 Ibid., p. 589. 
4 New International Version. 
5 Revised Standard Version. 
6 Confraternity New Testament. 
p. 21. 
44 Carta 339, 1904, p. 2. 
45 Carta 353, 1906, p. 1. 
46 Incidentalmente, estes dois capítulos, que foram escritos por dois autores bíblicos diferentes, são relatos quase palavra por palavra do mesm7 The Amplified Bible
8 King James II Version of the Bible
9 The Berkeley Version in Modern English
10 The New Testament: An American Translation. (Goodspeed). 
11 Rene Noorbergen, Ellen G.White: Prophet of Destiny (New Canaan, Conn.: Keats Publishing, Centro de Pesquisas Ellen G. White www.centrowhite.org.br , Inc., 1972), p. 21. Grifos acrescentados a menos que especificado. 
12 Testemunhos para a Igreja, vol. 5, p. 747. 
13 O Grande Conflito, p. 7. 
14 O Grande Conflito, p. 7 
15 Mensagens Escolhidas, livro 1, p. 37. 
16 Ibid., p. 416. 
17 Ibid., p. 20. 
18 Testemunhos para Ministros, p. 376. 
19 Patriarcas e Profetas, p. 354. 
20 Robert W. Olson, 101 Respostas a Perguntas do Dr. Ford, p. 68. 
21 Isaías 41:8. Ver também Tiago 2:23. 
22 Spirit of Prophecy, vol. 1, p. 98. 
23 Mensagens Escolhidas, livro 1, p. 37. 
24 “Plagiarism Found in Prophet Books” by John Dart, Los Angeles Times, 23 de outubro de 1980, pp. 1, 3, 21. 
25 Ver Olson. 
26 Deuteronômio 4:9; 8:19; 28:1, 2, 13-15; cf. também Zacarias 6:15. 
27 Walter Rea é um destes, e ele alista a predição “fracassada” de 1856 como a “Mentira White” número 8, de um total de 18 destas supostas “Mentiras White”, numa palestra à Associação de Fóruns Adventistas, feita em San Diego, Califórnia, em 14 de fevereiro de 1981: ver transcrição, páginas 14 e 15. 
28 Para um estudo excelente e extremamente útil do assunto, veja “The Role of Israel in Old
Testament Prophecy,” (“O Papel de Israel nas Profecias do Velho Testamento”), The Seventh-day Adventist Bible Commentary, vol. 4, pp. 25-38. 
29 Para exemplos adicionais do elemento condicional em profecias bíblicas, veja LeRoy Edwin
Froom, Movement of Destiny (Washington, D.C.: Review and Herald Pub. Assn., 1971), pp. 573, 574. 
30 Carta de J. N. Loughborough, escrita de Sanitarium, Califórnia, 28 de agosto de 1918. 
31 Para uma visão abarcante de várias declarações deste tipo feitas por Ellen White, ver Froom, pp. 583-588; and RobertW. Olson, The Crisis Ahead (Angwin, Calif.: Pacific Union College Bookstore, 1976), pp. 75-78. 
32 Ms. 4, 1883; publicado em Evangelismo, pp. 695, 696, e Mensagens Escolhidas, livro 1, p. 68. 
33 Ellen G.White, Ms. 107, 1909; citado em T. Housel Jemison, A Prophet Among You (Mountain View, Calif.: Pacific Press Pub. Assn., 1955), pp. 394, 395. 
34 Esta carta, escrita de Sanitarium, Califórnia, em 14 de junho de 1906, foi subsequentemente publicada na Review and Herald de 30 de agosto de 1906, p. 8. Citada em Mensagens Escolhidas,livro 1, pp. 24-28. Itálicos no original. Para uma análise útil de “Quanto Foi Inspirado?”, ver Jemison, pp. 394-406. 
35 O Grande Conflito, p. 272. Para um relato mais completo desta questão, ver Arthur L.White, The Ellen G. White Writings (Washington, D.C.: Review and Herald Pub. Ass, 1973), pp. 31-34. 
36 Review and Herald, 30 de outubro de 1913, p. 3. Arthur L.White discute esta questão extensivamente no opúsculo Inspiration and the Ellen G. White Writings, uma reimpressão de 11 artigos da Adventist Review de 1978 e 1979. 
37 Ellen G.White, Life Sketches of Ellen G. White (Mountain View, Calif.: Pacific Press Pub. Assn., 1915), p. 235; e Testemunhos para a Igreja, vol. 4, p. 297. 
38 Spiritual Gifts, vol. 2, p. 295. 
39 Ibid., p. iv. 
40 Ibid., p. iii. 
41 Ibid., p. 12, 14. 
42 Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 14, e Vida e Ensinos, p. 16. 
43 Testemunhos para a Igreja, vol 1, p. 21; e Vida e Ensinoso evento; contudo nenhum dos dois indica a fonte de seus dados – uma situação interessante à luz da controvérsia atual sobre o fato de uma profetisa moderna “copiar” de outras fontes! 
47 Os eventos cronológicos desta experiência são contados no livro Ellen G. White: Mensageira da Igreja Remanescente, pp. 34-36. 
48 Arthur Grosvenor Daniells, The Abiding Gift of Prophecy (Mountain View, Calif.: Pacific Press Pub. Assn., 1936), pp. 322-329. 
49 Testemunhos para a Igreja, vol. 6, p. 217. 
50 Carta 162, 1902; citado em Daniells, pp. 326, 327. 
51 Carta 208, 1902; citado em ibid., p. 327. 
52 Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 563. 
53 Ibid., p. 486. 
54 Ibid., p. 559. 
55 Ibid., pp. 563, 564. 
56 Review and Herald, 11 de dezembro de 1883, p. 778.